Cartola – Agência de Conteúdo – Terra Educação – 02/03/2013 – São Paulo, SP
Na rotina, Reino Fungi, Pitágoras, fórmulas químicas, planaltos e planícies do interior do País. Mas que tal ir para a escola aprender a ser camera man ou protagonista de um filme? Foi isso que passou a acontecer com os alunos do Colégio Estadual José Martins da Costa, em Nova Friburgo (a pouco mais de 130 quilômetros da capital, Rio de Janeiro), depois que a escola foi selecionada em um edital da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Nos últimos meses, alunos e professores conheceram obras de cineastas como Wim Wenders, produziram seus próprios produtos audiovisuais, participaram de mostras internacionais e até visitaram Buenos Aires. Tudo isso como consequência do projeto CineZé, curso de cinema da escola, que, como atividade extraclasse, `mudou a percepção de vida de algumas pessoas`, diz uma das coordenadoras do projeto, Daniella D`Andrea Corbo.
Muitas instituições da rede pública de ensino do Estado se inscreveram no edital. Apenas quatro foram selecionadas, entre elas, a José Martins da Costa. Depois da surpresa e do entusiasmo inicial dos estudantes de Nova Friburgo, os professores Daniella D`Andrea Corbo, de artes, e Ricardo Esteves Monteiro, de ciências, partiram para um processo de capacitação voluntário oferecido pela UFRJ. `Eu e o Ricardo fomos chamados para um curso de 10 dias, com representantes de mais de 30 escolas. Somente depois de um processo demorado e detalhado que fomos selecionados pela universidade`, explica Daniella. O edital também garantiu a estruturação do projeto na escola, com a doação de equipamentos de cinema para a instituição.
Além da produção de filmes, em que alunos de 11 a 15 anos trabalham dirigindo, atuando, criando roteiros, o CineZé promove, mensalmente, um cineclube, em que debatem com a comunidade friburguense sobre diretores que os inspiram, produções inquietantes, o que lhes chamou atenção em certo filme. Para a professora Daniella, é extremamente prazerosa e gratificante a experiência de estar dentro da escola com um enfoque diferente do tradicional. `Ver alunos de 11 anos assistindo a filmes como Asas do Desejo, do Wim Wenders, e gostando é gratificante. Eles estão mudando a percepção deles, estão aprendendo a refletir sobre assuntos diversos desde novos. Isso acaba influenciando positivamente no desempenho dentro da sala de aula`, diz.
O ápice do CineZé foi quando os dois primeiros filmes produzidos, os curtas Beba com Moderação e Uma Nuvem Engolindo a Montanha, foram selecionados para participar da Mostra Geração – Festival do Rio, que aconteceu em outubro de 2012, e da Mostra Latino-Americana do Festival Hacelo-Corto, em novembro do mesmo ano, em Buenos Aires, na Argentina. Na ocasião, os 22 integrantes do grupo de cineastas mirins participaram de um sorteio para selecionar quem representaria a escola na capital do país vizinho. Sara Ouverney Rimes Felipe, do 6º ano, Gabriel Heringer de Almeida, do 7º ano, e Luiza de Miranda Alcântara, do 9º ano, acompanharam os coordenadores na viagem. `Foi sensacional a experiência de, além de saírem do Brasil e conhecerem outra cultura, sentirem que são capazes de, com dedicação e amor, chegar a lugares que antes nem pensavam. O projeto deles estava em uma mostra no exterior, representando o país inteiro, isso significa muito`, comemora Daniella.
Para 2013, o CineZé promete crescer. Será realizada uma audição com estudantes do Ensino Médio para aumentar o grupo com alunos mais velhos. Outro planejamento é incrementar o leque de produções. `Aos pouquinhos, gostaríamos de ingressar na área de animações, com bastante experimentação`, prevê Daniella