Agência Estado |
Material que seria usado em escolas aborda temas como gravidez na adolescência, uso de camisinha e homossexualidade
Um material educativo para prevenção de Aids dirigido a adolescentes teve sua distribuição suspensa por determinação do governo federal. O kit, formado por seis revistas de histórias em quadrinhos, aborda temas como gravidez na adolescência, uso de camisinha e homossexualidade. A suspensão ocorre quase dois anos depois da polêmica interrupção da distribuição do kit anti-homofobia , por pressão de grupos religiosos. As revistas em quadrinhos foram produzidas em 2010, numa parceria entre os Ministérios da Saúde, da Educação e organismos internacionais. O material seria usado como apoio do programa Saúde e Prevenção nas Escolas. Em seu primeiro fascículo, procura abordar o preconceito enfrentado por jovens gays.
Embora tenha sido lançado com entusiasmo pelo então ministro da Saúde, José Gomes Temporão, sua distribuição foi abortada pela proximidade com as eleições presidenciais. A ordem era evitar qualquer tipo de conflito ou descontentamento com grupos religiosos. Neste ano, o material foi resgatado. Cerca de 15 mil exemplares foram distribuídos para os serviços de DST/Aids de 12 Estados.
A operação foi interrompida no fim de fevereiro, por determinação do Planalto, segundo informações obtidas pela reportagem. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, no entanto, chama a responsabilidade para ele. “Eu vetei o material”, disse. Segundo ele, a distribuição foi feita sem a sua autorização e sem o seu conhecimento. Nesta sexta-feira, ele enviou um ofício para as secretarias, desautorizando a circulação das revistinhas. O ministro afirma que a distribuição foi feita a partir do Departamento de DST-Aids. Ele admitiu não saber se o material teve uma nova impressão ou se os kits agora enviados teriam sido produzidos em 2010.
Padilha afirmou que a suspensão da distribuição ocorreu apenas esta semana, depois de sua assessoria ter sido procurada pela reportagem do Estado. O Planalto foi procurado, mas não se manifestou.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.