Folha de São Paulo – MARIA ALICE SETUBAL
Para fazer da tecnologia uma aliada da educação, é preciso vencer o medo do novo e superar a cultura imobilizadora da queixa
Os tablets substituirão o professor? Como as tecnologias afetam a educação? Por que a educação tradicional não responde aos anseios da sociedade contemporânea? A relação entre as tecnologias e a educação instiga muitas questões.
Os vídeos de matemática de Salman Khan são apenas um exemplo. O sucesso das inúmeras plataformas, vídeos, games e aplicativos educacionais que inovam as formas de aprendizagem nos leva a refletir sobre os fundamentos que apoiam essas ferramentas.
A revolução tecnológica possibilitou o surgimento de uma inteligência coletiva, com aprendizagens em rede e descentralização das esferas do conhecimento.
A aprendizagem é um processo social fruto de um contexto histórico. Portanto, a revolução tecnológica impacta diretamente esse processo não apenas pelas inúmeras possibilidades de acesso às informações, como também pela forma sistêmica de construção do conhecimento. A maioria das escolas ainda trabalha de maneira linear e simplista, onde o ensino se baseia em aulas expositivas e livro didático. Já a inteligência coletiva é colaborativa e se irradia a partir de diversas fontes e formatos.
O hipertexto é um exemplo desse processo. Cada clique abre infinitas portas de informações. O conhecimento não está mais estanque em caixas. Ele é transversal e produzido nas conexões entre várias informações. Essa transversalidade se expressa nas demandas das empresas e nas expectativas dos jovens.
De um lado, as organizações buscam um perfil de colaborador que responda aos desafios do mundo globalizado e complexo. Pessoas que saibam resolver problemas, comunicar-se claramente, trabalhar em equipe e de forma colaborativa. Que usem as tecnologias com desenvoltura para selecionar, sistematizar e criticar as informações. E que sejam inovadoras e criativas.
Por outro lado, pesquisas mostram que os alunos querem ter maior liberdade e autonomia, um ensino personalizado, colaborativo e em rede, com conteúdos relacionados ao mundo real. O jovem quer sentir-se motivado e conectado com as tecnologias. Quer ser produtor de conhecimento e cultura, não um passivo ouvinte de aulas expositivas.
Assim, tanto a demanda do mercado de trabalho quanto o novo perfil dos jovens exige uma mudança nas formas de ensinar e aprender. A autonomia, a construção colaborativa do conhecimento, o diálogo, a participação e a criatividade, potencializada pelas possibilidades de navegar na internet com diferentes ferramentas, são os eixos de sustentação desse novo modelo.
O processo amplificado pelas novas tecnologias faz com que o professor não seja mais o único detentor do saber. Ele deve tornar-se um mediador das diferentes fontes e formas de aprendizagem, função muito mais complexa do que a de um expositor de conteúdos. Trata-se de uma pedagogia descentrada, participativa e colaborativa, em que informações e conhecimentos se conectam, se multiplicam e voltam a se conectar gerando novos conteúdos e formatos.
Para fazer da tecnologia uma aliada da educação, é preciso vencer o medo do novo e superar a cultura imobilizadora da queixa. É preciso caminhar em direção a uma cultura da potência. Esse movimento cria um novo paradigma para a profissionalização dos professores.
Ao se atualizar o perfil do professor, dando-lhe condições de responder às demandas educativas que a sociedade espera da escola, resgataremos a valorização docente e a função imprescindível que esses profissionais exercem para a construção do país que queremos.
MARIA ALICE SETUBAL, doutora em psicologia da educação pela Pontifícia Universidade Católica-SP, é presidente dos conselhos do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec) e da Fundação Tide Setubal
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Isso que eu falei no texto anterior temos que nos atualizar ,ter novos conhecimentos em diversas areas da educação.
Precisamos abrir nossa mente para essas tecnologias e aceitar que precisamos mudar
Os professores precisam de tempo para planejar, as ferramentas já estão aí, a tecnologia as escolas tem ( umas mais outras menos), agora devem é valorizar mais o professor que os resultados virão, não adianta só fazer live, live no tempo que o professor poderia estar planejando e buscando recursos para uma aula criativa que chame a atenção e buscar o interesse do aluno, caso contrário o celular e seus recursos cada vez mais vai tomar conta da vida das crianças.
Idem a tesposta anterior. Somo também a criatividade docente
Palavra chave = VENCER O MEDO e superação
Devemos estar sempre nos atualizando, para que possamos acompanhar as mudanças.
Os professores devem ter menos alunos e menos turmas, porque o tempo para planejamento ainda é insufuiciente, mesmo com tecnologias de ponta.
Para fazer da tecnologia uma aliada da educação, é preciso vencer o medo do novo e superar a cultura imobilizadora da queixa.
Ainda trabalhamos, na maioria de nossas escolas, de maneira linear e simplista, onde o ensino se baseia em aulas expositivas e livro didático. Importante salientar que os alunos estão utilizando cadernos, fornecidos pela SEDUC, como estudos de aprendizagem e para prepará-los para as avaliações externas. Precisamos estimular e preparar os profissionais para a inteligência coletiva e colaborativa. Parece que estamos fazendo o caminho inverso! Fica a reflexão.
Com certeza o trabalho em rede, tanto entre as pessoas, bem como junto a tecnologia, são importantes instrumentos para uma educação de sucesso.