Porvir – 08/04/13 – POR VAGNER DE ALENCAR
“Bah, será que o pessoal vai aceitar?”. Essa foi uma das primeiras indagações feitas pelo gaúcho Eduardo de Lima e Silva, antes de idealizar aAulalivre.net, startup de videoaulas gratuitas com conteúdos de revisão para vestibular e Enem, além de apostilas e bancos de provas. O medo em relação ao estranhamento do sotaque gaúcho das aulas on-line gravados pelos professores foi vencido. O resultado: em apenas seis meses a iniciativa já contabiliza 40 mil usuários na plataforma e mais 1 milhão de visualizações no Youtube. Com mais de 100 videoaulas de 11 disciplinas no ar.
Atualmente, a plataforma tem média de 100 mil visitas/mês. Entretanto, os maiores consumidores das aulas on-line não são os gaúchos, que ocupam o 6o lugar em número de acesso às aulas, à frente estão Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo. “Viemos de uma cultura histórica com a visão de que a educação é apenas papel do Estado. Só que esse Estado, independentemente de partido e de qualquer coisa, sempre deixou lacunas fortes. Hoje vemos uma sociedade civil se mexendo para correr atrás disso”, afirma Silva.
E é o que eles vêm fazendo. A startup, que atua com foco nas classes C, D e E, pretende neste ano ampliar em seis vezes a quantidade de videoaulas oferecidas na plataforma. Essa expansão inclui, além do curso preparatório para vestibular e Enem, aulas on-line direcionadas também para concursos públicos e ensino de idiomas – inglês e espanhol. “Se sem dinheiro a gente já conseguiu alcançar tanta gente, com dinheiro podemos fazer muito mais”, afirma Silva, que foi um dos oito selecionados dentre os mais de 70 inscritos que apresentaram seus negócios durante a sessão Debate entre Empreendedores, Investidores e Especialistas no Transformar 2013, na última quinta-feira, 4.
Ao contrário de outras startups de videoaulas que possuem um modelo de negócio com foco na venda para o consumidor final, a startup gaúcha aposta num modelo de negócios como na TV paga: sustentada por patrocínios, venda de publicidade e outros formatos alternativos de rentabilidade que não sejam pela cobrança dos alunos ao acesso aos conteúdos. “Identificamos que havia um público muito grande que já vinha pesquisando aulas no Youtube, porém eram desorganizadas. Pensamos por que não oferecer aulas de forma gratuita e de qualidade cobrando apenas o patrocínio de anunciantes”, diz Silva.
Para garantir a qualidade das videoaulas, todo o processo de gravação, desde a seleção e treinamento dos professores é realizada pelos criadores da startup. A centena de aulas, composta de conteúdos que vão de língua portuguesa a história, duram, em média, 30 minutos cada – diferentemente de outras plataformas que centralizam suas aulas on-line na área de exatas. Outras iniciativas, inclusive, mais veteranas – como oDescomplica e o QMágico –, também vêm desenvolvendo um modelo de aulas on-line.
1, 2, 3… Gravando!
A primeira remessa das aulas da Aulalivre.net foi gravada durante três meses e, depois de filmadas, as aulas foram postadas na plataforma entre uma e três vezes por semana. Além das videoaulas, os estudantes têm acesso também a materiais complementares – com os links de indicações de livros que podem adquirir –, podem baixar, sem nenhum custo, apostilas e power point com os conteúdos, e, inclusive, realizar testes relacionados a cada disciplina. “Notamos, como alunos, que estudar de forma presencial não estava valendo a pena. Perdíamos muitas horas no trânsito, o que era muito tumultuado. Estudar EaD era mais fácil, simples, seguro e barato”, afirma Juliana Marchioretto, uma das cofundadoras da Aulalivre.net
Embora não tenha ultrapassado um semestre de vida, a iniciativa já vem colhendo reconhecimentos. No ano passado, recebeu a primeira colocação nas competições de negócios sociais da ESPM-Sul e da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul), por meio da 13o maratona de empreendedorismo. Além disso, foi destaque na Red Empreendia, programa de empreendedorismo desenvolvido pelo Banco Santander em parceria com o portal Universia, que selecionou o Aulalivre.net para apresentar o seu projeto na Universitat de Barcelona.