Estudo mostra que mais de metade do tempo em que crianças passam em frente à televisão, computador e celular contribui pouco para o aprendizado
As crianças atualmente passam muito mais tempo em frente à televisão, computador, celular e tablet do que as gerações anteriores. Muitas vezes esse hábito é incentivado pelos próprios pais, que veem um caráter educativo nesses aparelhos. No entanto, um estudo feito nos Estados Unidos mostra que é preciso cautela com o otimismo em torno dessas tecnologias.
A pesquisa mostrou que menos da metade do tempo (44%) em que crianças de 2 a 10 anos passam interagindo com esses aparelhos tem fins considerados pelos pais como educativos. Ou seja, das 2h07 diárias em que elas usam essas tecnologias, apenas 56 minutos envolvem conteúdos educativos. Na maioria das vezes, elas assistem a programas e usam aplicativos que pouco contribuem para o aprendizado, raciocínio e criatividade.
Além disso, conforme ficam mais velhas, essas crianças passam cada vez mais tempo em frente ao computador, celular, televisão e tablet, e se dedicam menos a conteúdos educativos. De acordo com o levantamento, crianças de 2 a 4 anos passam, em média, 1h37 em frente a esses aparelhos, sendo que 1h16 é dedicada a conteúdos educativos (78%). Já crianças de 8 a 10 anos passam mais de 2h30 por dia usando essas tecnologias, mas apenas 42 minutos para fins educativos (26%).
Apesar disso, mais da metade (57%) dos pais de crianças dessa faixa etária consideram que seus filhos aprendem “muito” sobre uma ou mais áreas do aprendizado, como leitura, vocabulário e matemática, com o uso dessas tecnologias.
O estudo, divulgado nesta sexta-feira, foi feito pelo Centro Joan Ganz Cooney, um instituto de pesquisa sem fins lucrativos sobre educação infantil. A pesquisa entrevistou 1 577 pais de crianças de 2 a 10 anos de idade.
De acordo com um estudo feito na Universidade de Montreal, no Canadá, e publicado em 2012, quanto mais tempo uma criança de dois a quatro anos de idade passa em frente à televisão, maior o risco de acúmulo da gordura na cintura. Uma outra pesquisa, feita nos Estados Unidos, mostrou que há outro agravante para a saúde de criança em relação ao hábito: de acordo com o trabalho, ter televisão no quarto aumenta ainda mais o tempo em que uma criança passa em frente ao aparelho e eleva o risco de obesidade infantil