Projeto ‘E se eu fosse o autor’ usa a criatividade e a tecnologia para despertar o interesse de crianças pela leitura
O que é preciso para transformar crianças em verdadeiros autores? O projeto “E se eu fosse o autor”, desenvolvido pela ONG Casa da Árvore, aposta na imaginação e tecnologia para ampliar o interesse pelo universo da literatura entre os alunos das escolas da rede municipal de Senador Canedo, na região metropolitana de Goiânia (GO). A partir da leitura de uma obra, os estudantes são estimulados a criarem suas próprias histórias com o uso de recursos digitais.
“Nós tentamos aproximar a leitura das novas tecnologias para construir processos mais participativos de aprendizado”, explicou o educador Aluísio Cavalcante, coordenador geral do projeto. Segundo ele, ao oferecer a oportunidade dos estudantes criarem suas próprias histórias, é possível fazer com que eles se apropriem das obras e aprofundem os seus conhecimentos.
Durante cada semestre, são formadas novas turmas com alunos vindos de diferentes escolas públicas da região. Seguindo essa proposta, duas vezes por semana eles participam de oficinas que acontecem no Laboratório Criativo de Leitura e Tecnologia, um espaço criando dentro da Biblioteca Municipal Arlete Tenório de Castro. Trabalhando com o conceito de leitor-autor, após concluir a leitura de uma obra, eles são desafiados a produzir vídeos, livros digitais e outras linguagens midiáticas que apresentem uma releitura da história.
A escolha dos títulos a serem trabalhados acontece com base em livros que podem oferecer uma abordagem adequada para cada turma, levando em conta o repertório dos alunos e as suas necessidades. Nessa lista, podem entrar desde clássicos da literatura até obras de novos autores brasileiros. “A gente propõe a leitura de livros bastante diversos.”
Para o educador, a tecnologia mudou a relação dos alunos com a literatura. “Muita gente acha que as crianças estão lendo menos. O fato é que hoje os alunos estão se relacionando com a leitura de uma forma diferente.” Ao utilizar recursos da cultura digital, eles conseguiram aumentar o hábito de leitura entre os alunos. De acordo com um levantamento feito pela ONG com uma das turmas que participaram do projeto, no início das oficinas, 31% dos participantes não lembravam de terem lido nenhum livro nos últimos três meses. Após a conclusão do ciclo de atividades, todos eles lembravam de pelo menos duas obras.
“As últimas gerações têm uma ânsia de participação muito grande. Eles querem ser autores de suas próprias histórias”, defendeu Cavalcante. De acordo com ele, durante esse processo os alunos aprendem a se familiarizar com diferentes linguagens e desenvolvem habilidades importantes que os ajudam a se tornarem mais expressivos. “A gente acredita que o empoderamento vem dessas habilidades que eles constroem ao produzir as suas versões.”
Além de desenvolver atividades com os alunos, o projeto também trabalha na formação de professores. Eles participam de atividades práticas que apresentam novas possibilidades para trabalhar a leitura com o uso da tecnologia. Com base na metodologia das oficinas realizadas no Laboratório Criativo, eles mostram modelos de aulas e atividades que podem ser realizadas para ensinar esses conteúdos.