Fonte: Valor Econômico (SP) – 25 de julho de 2014
Para ampliar a participação do país no mercado global e, principalmente, na geração de valor agregado, é preciso um salto na Educação, diz Gerson Valença Pinto, presidente da Anpei
Atrair mais pesquisadores para as empresas é apenas uma parte da equação para suprir com mão de obra qualificada os centros de pesquisa e desenvolvimento (P&D). O Brasil tem um grande trabalho a ser feito na Educação, o que envolve mudanças em todos os níveis. “Para ampliar a participação do país no mercado global e, principalmente, na geração de valor agregado, é preciso um salto na Educação”, diz Gerson Valença Pinto, presidente da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras (Anpei).
Segundo ele, os investimentos em Educação são de longo prazo, assim como os de inovação. Como resultado, o país ganha com a transformação da economia pela via do conhecimento.
Entre as boas notícias, está a aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE) no último mês, que destina 10% do PIB para o Ensino. Atualmente, o país investe, de acordo com dados do Ministério da Educação, 5,3% do PIB.
Nas avaliações internacionais, o Brasil tem avançado, mas o desempenho ainda está aquém do necessário para acompanhar o grupo de países observados pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Os resultados do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) – iniciativa internacional de avaliação comparada, aplicada a estudantes na faixa dos 15 anos -, mostram que a média brasileira (calculada a partir das notas em leitura, matemática e ciências) cresceu de 368 pontos (2000) para 402 pontos (2012). O índice está abaixo do aferido no conjunto de países da OCDE, de 500 pontos durante todo o intervalo.
Já nas universidades, destaca Miguel Sacramento, Professor da FGV, a transformação acontecerá na metodologia de Ensino e no comportamento em relação à P&D. Segundo ele, a inovação colaborativa e aberta descentraliza a produção científica e cria desafios importantes. Entre eles o direcionamento das instituições para exercer o papel de hub de conhecimento. “Mais do que criar, é preciso atrair conhecimento, fazendo com que tudo passe pela instituição”, explica.
A rotina das aulas está sendo alterada pela disseminação dos cursos abertos. “O Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) já oferece mais de seis mil cursos nesse modelo”, diz. A disponibilidade de conteúdo e aulas de qualidade na rede muda a relação entre Professores e Alunos. “O Docente não é o único detentor do conhecimento e será, cada vez mais, questionado pelos estudantes. Terá de trabalhar junto com eles”.