Mais de 3 mil livros didáticos novos são jogados fora em Santa Catarina

Bom Dia Brasil –  Edição do dia 26/08/2014
 
Reciclador foi chamado para recolher livros novos e a equipe do Bom Dia Brasil acompanhou com uma câmera escondida.
Um flagrante de desperdício de dinheiro público e de descaso com a educação. Mais de três mil livros didáticos foram jogados fora em Santo Amaro da Imperatriz, perto de Florianópolis. A maior parte eram livros novinhos.

Antônio Osni Monn usa a reciclagem para criar dois filhos pequenos. Mas, ficou desconfiado quando o diretor de uma escola pública pediu que ele recolhesse uma carga que não poderia ser vista. “Se eu vou carregar alguma coisa que ninguém pode ver, é porque é alguma coisa ilícita”, conta o reciclador.

A tarefa era sumir com pilhas e mais pilhas de livros novinhos. Alguns ainda lacrados. Um deles, por exemplo, ainda está com o selo da editora e do MEC, o Ministério da Educação. “É até um pecado fazer isso aí, botar no lixo, picar por jornal”, afirma Antônio.

No dia seguinte, ele foi chamado para recolher mais livros que ainda estavam na escola. A equipe do Bom Dia Brasil acompanhou com uma câmera escondida.

O catador pega a carga e coloca tudo na caminhonete. Pelas regras do Programa Nacional do Livro Didático, cada obra tem que ser utilizada por pelo menos três anos antes de ser descartada. Mesmo depois desse prazo, o MEC ainda sugere que o material seja doado para feiras, sebos ou bibliotecas, antes de ir para a reciclagem.

O diretor da escola José Vanderlinde tentou se explicar. “Não foi encaminhado livros que estão sendo utilizados pelos alunos no momento”, destaca.

Ele disse que tudo estava registrado em atas internas do colégio. Mas se negou a mostrar os documentos.

Já a gerencia de educação da Grande Florianópolis, que responde pela escola, disse que não sabia do procedimento. “Eu já chamei o diretor. Nós vamos dar o encaminhamento legal dentro dos trâmites legais”, ressalta Dagmar Pacher, gerente de Educação.

Depois que a denúncia vazou em uma rede social, o diretor voltou atrás. Foi até a casa de Seu Antônio para recolher os livros. Mas, antes de devolver, o catador exigiu que ele assinasse uma declaração de que estava levando todo o material de volta.

“Se não podia dizer que eu tinha dado fim nos livros”, explica Seu Antônio.

“Foi buscado justamente para averiguar possíveis erros de envio para descarte”, afirma José Vanderlinde.

Seu Antônio ganharia quase R$ 1 mil com a reciclagem. Mas não teve coragem de destruir os livros, porque sabe que eles valem muito mais.

“É dinheiro meu. É do povo. É dinheiro que nós pagamos. Não é que o governo deu. É dinheiro nosso”, afirma Seu Antônio.

One Comment to “Mais de 3 mil livros didáticos novos são jogados fora em Santa Catarina”

  1. Quando sobra livros o procedimento correto é devolver para a GERED que ela passará para asa escolas que necessitam.
    Quando perdem a validade,os livros são vendidos, sim.
    São doados, sim.
    As bibliotecas não querem livros didáticos velhos, lá não é depósito.
    É um pecado fazer isso com livros novos.
    Há muitas escolas em que não têm o número suficiente de livros para todos os alunos.
    Esse diretor é muito sem noção.!!

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