Carla Matsu, do Inova!Br – IDG Now
Inaugurada este ano na capital paulista, a SuperGeeks desponta como uma das primeiras escolas dedicada exclusivamente ao tema.
Quando deixou o Vale do Silício, na Califórnia, no ano passado, para voltar ao Brasil, o empresário Marco Giroto e a esposa Vanessa Ban tinham uma certeza: ensinar programação desde a infância poderia ser não somente um mercado promissor, como também uma referência para que outras iniciativas no Brasil trilhassem o mesmo caminho. Não à toa, desde que fundou a primeira unidade da SuperGeeks em maio deste ano, na Vila Mariana, São Paulo, o casal já tem entre as metas abrir mais duas unidades em São Paulo e outras duas no Rio de Janeiro no início de 2015, além da abertura da franquia da SuperGeeks. “Estamos fechando franquias em Curitiba, Fortaleza, interior de São Paulo e outras cidades”, afirma Giroto que também é um dos professores da escola de programação.
Giroto e Ban seguem uma tendência mundial e um debate que tem tomado mais corpo no último ano. A linguagem de computação como disciplina básica nas escolas já é realidade de algumas escolas nos Estados Unidos e Coreia do Sul, dois dos países que lideram rankings internacionais de Inovação. Nos Estados Unidos, a disciplina, que até então assumia caráter de atividade extracurricular, será obrigatória no sistema de ensino público de Chicago até o ano de 2019, uma previsão que pretende tomar todos os colégios do ensino médio. Da mesma forma, em Nova York, professores também são treinados para dar aulas de ciências da computação em cerca de 40 colégios.
No Brasil, a ideia tem dado seus primeiros passos e despertado o interesse também de empresas de tecnologia que defendem que um mundo cada vez mais interconectado e digital exigirá profissionais especializados no tema. Iniciativas similares ao do Code.org, instituição norte-americana sem fins lucrativos que incentiva e cria oportunidades para crianças a aprenderem a programar e que recebem apoio do Facebook e Microsoft, também chegam ao País. O “Ano do Código – Vem Programar!” é resultado de uma parceria entre Locaweb e a Caelum, que disponibiliza aulas e exercícios gratuitos online para ensinar programação a jovens. Em São Paulo, o Colégio Visconde de Porto Seguro também destinou na grade horária do Ensino Fundamental uma disciplina voltada para o ensino de Robótica, dedicado à construção de estruturas e equipamentos mecatrônicos.
Um mercado promissor
Para os defensores da alfabetização em linguagem de programação, o tema não é somente importante por conta de um mercado profissional promissor – de acordo com a consultoria IDC, o setor de tecnologia da informação se encontra em crescente expansão. Só em 2013 contratou 159 mil pessoas no país todo. O ensino também permite ao aluno desenvolver habilidades como pensamento lógico, criatividade e até o trabalho em equipe. “Você exercita muito o pensamento lógico durante a programação, e é algo que você utiliza para todas as áreas. Além disso, a todo o momento os alunos precisam criar algo novo, resolver problemas e trabalho em equipe. Incentivamos os alunos a compartilharem códigos, a um ajudar o outro na resolução de problemas”, conta Giroto.
Na SuperGeeks, as turmas – divididas por faixa etária – atendem crianças e adolescentes dos 8 aos 17 anos. Adultos interessados em programar também têm uma sala cativa dentro da escola. Segundo Giroto, o conteúdo foi desenvolvido para atender também a demanda de adultos que não têm conhecimento nenhum sobre o assunto. Além de uma carga horária presencial de 1h30 por semana, os cursos têm uma extensão online, onde o aluno pode tirar dúvidas à distância com os professores da escola. A presença de Giroto como professor em sala de aula também é estratégica. Ao receber diretamente feedback dos alunos, ele pode adaptar o conteúdo de acordo com a necessidade e inquietação das turmas.
Giroto também defende o empreendedorismo como forma de engajar alunos no ensino da programação. “Como desenvolvemos games e aplicativos, a gente também quer que os alunos vejam isso como um potencial, a pensarem estes games também como se fossem um trabalho”, explica. A estratégia tem dado certo, alunos, entre meninos e meninas, chegam a sala de aula com novas ideias para joguinhos e aplicativos e a taxa de desistência tem sido zero, segundo o empresário. “Eles aprendem as primeiras linhas de código para fazerem o personagem deles andar e andar, então é algo que eles aprendem e divertem ao mesmo tempo e isso estimula muito”.