Obra ‘Aparelho sexual e Cia’ gera polêmica entre pais e movimentos religiosos no Distrito Federal
Fonte: Correio Braziliense (DF)
Um livro que fala sobre amor, sexo, masturbação e métodos contraceptivos para pré-adolescentes entre 9 e 14 anos tem causado polêmica entre pais e movimentos religiosos no Distrito Federal. A obra Aparelho sexual e Cia., da autora francesa Hèléne Bruller, desencadeou uma petição pública com mais de 700 pedidos de revogação imediata da indicação do livro às Escolas do Brasil. O Ministério da Educação (MEC), entretanto, diz que a informação sobre a suposta recomendação é “equivocada” e que “o livro não consta no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) e no Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE)”. Na obra paradidática, classificada como um “guia inusitado para crianças descoladas”, as ilustrações mostram como é o ato sexual e, inclusive, demonstram posições possíveis durante a transa. Para o coordenador do Movimento Brasília Contra Pedofilia, Rodrigo Delmasso, a publicação estimula as crianças a fazerem sexo precocemente, vai contra os princípios da família e facilita a ação de criminosos. “É tão fácil de comprar, que um pedófilo pode usar o livro para se aproximar da criança e ela pode achar aquilo normal. A nossa mobilização é para que seja uma obra proibida”, alertou.
Para três especialistas ouvidos pelo Correio, os pais precisam dialogar com os filhos. “É meio ingênuo achar que uma criança de 11 anos não saiba o que é ato sexual. A utilização de algum recurso para explicar isso, seja ele vídeo, livro ou brinquedo, tem que ser adequado ao desenvolvimento cognitivo e emocional da criança”, destaca a Professora da Universidade Católica de Brasília (UCB) Gleicimar Gonçalves, mestre em psicologia do desenvolvimento.
A editora Companhia das Letras, responsável pela publicação no Brasil, diz que 4 mil exemplares foram vendidos no país. Por meio de nota, a editora destacou que confia no conteúdo e na qualidade do livro e que a publicação é destinada para pessoas a partir de 11 anos. “Acreditamos que proibir um livro, como querem alguns pais, é um ato de volta aos tempos de repressão”, destaca. “Se, para alguns pais, essa não é maneira correta de conversar sobre sexo, para outros, é adequada. E esses pais devem ter o direito à leitura do livro”, concluiu a editora.