Cândido Grangeiro, autor de História, lê trecho do livro O Avesso da Pele, de Jeferson Tenório:
No início, ao contrário do que se esperava, minha mãe e Flora não se deram bem. Falavam pouco uma com a outra. Mesmo naquele espaço exíguo do Ranchinho. Mesmo sem TV e sem nenhum outro atrativo em casa, na hora de brincar cada uma procurava um canto. Cada uma com a sua boneca. Assim, quando ficavam sozinhas, na parte da tarde, porque Madalena precisava dar aulas, minha mãe passou a conhecer melhor a personalidade de Flora. Seus gênios não eram compatíveis. Houve um dia em que Flora escondeu a boneca da minha mãe e a fez procurar pelo Ranchinho e depois pelo quintal inteiro..
A Abrale se soma às múltiplas vozes que reconhecem o valor literário e social do livro O avesso da pele, de Jeferson Tenório. E reitera a pertinência de sua aprovação no PNLD 2021 de Obras Literárias para o Ensino Médio, pela banca avaliadora composta por mestres e doutores em Linguística, Literatura, Letras, Educação.
Os ataques que desqualificam este livro resultam de leituras incompletas, superficiais, distorcidas de seu conteúdo. Retirá-lo das escolas de Ensino Médio implica privar os e as estudantes do acesso a uma leitura que instiga o pensamento crítico-reflexivo sobre uma questão central a ser combatida pela sociedade brasileira: o racismo estrutural.
Resenha do livro: Depois da morte do pai, um professor negro assassinado em uma abordagem policial desastrosa, Pedro resgata suas raízes familiares e seu lugar no mundo. Com uma narrativa corajosa, sensível e por vezes brutal, este livro premiado aborda temas incômodos presentes em nossa sociedade: o racismo estrutural, as lacunas no sistema educacional e a violência policial.