Iba terá um ‘Netflix’ de revistas. A ideia é ampliar o serviço para e-books ainda nesse ano
O agradável Terraço Abril, no topo do prédio da editora Abril na Marginal Pinheiros, em São Paulo, serviu de cenário para um almoço com Ricardo Garrido, diretor de operações do Iba. Já de início, o assunto do dia: a vinda ou não da Barnes & Noble ao Brasil. “Isso de a B&N vir para o Brasil pelas mãos da Iba soa como música aos meus ouvidos, mas infelizmente, não é verdade”, afiança desmentindo os rumores que pairaram no ar na tarde da última quarta-feira.
Mas o almoço era mais para falar sobre os rumos do Iba e Ricardo conta que já no primeiro trimestre de 2014, o Iba promete colocar na praça um novo modelo de negócios. Vai vender assinatura de revista por assinatura. Não, não erramos ao repetir a palavra assinatura. É isso mesmo. “Essa é uma grande aposta do Iba para 2014. Vamos ter um ‘Netflix’ de revistas. O usuário paga um valor e poderá ler todas as revistas do nosso portfólio e, logo depois, queremos estender esse modelo de negócio aos livros também”, conta Garrido. Para isso, o Iba deve investir R$ 10 milhões em tecnologia ao longo de 2014.
Durante o almoço, Ricardo pega um de seus devices – à mesa, ele estava com um iPhone e um iPad – e diz orgulhoso: “Em média, temos 1.500 novos usuários por dia, mas ontem chegamos a 2.600”. Os números do Iba, a propósito são mesmo de deixar qualquer um retumbante de alegria. A plataforma fechou 2012 – ano de sua criação – com quase 315 mil usuários. Em 2013, um boom elevou esse número a 1,3 milhão. O crescimento de vendas também acompanhou a explosão e fechou 2013 com crescimento de 245% no número de itens vendidos em relação ao ano anterior.
O portfólio também se diversificou nesse período. Em 2012, estavam a venda 12 mil e-books. Esse número fermentou e chegou a 23 mil títulos em 2013. O mesmo aconteceu com as revistas. Se em 2012, o portfólio do Iba contava com apenas duas editoras (Mymag e Rickdan), em 2013, o número subiu para 21 editoras, 146 publicações (já contabilizadas 28 revistas da casa).
Ecossistema
O Iba quer ocupar novos espaços no mercado. “Uma das nossas grandes missões pro ano é ampliar a nossa participação no ecossistema”, aponta Garrido. O primeiro passo nesse sentido foi dado no apagar das luzes do ano passado, quando o Iba passou a ser responsável pela comercialização de e-books da varejista Extra.com. Foi ampliada a parceria com a Abril Educação para comercialização de didáticos. Além disso, o Iba fez parcerias com fabricantes de tablets que têm Android como sistema operacional e eles já saem de fábrica com os aplicativos do Iba instalados. Outro filão que o Iba pretende abocanhar em 2014 é o das vendas para o governo e já está em processo de qualificação junto ao FNDE.
Além disso, por meio de uma parceria com a distribuidora global de e-books OverDrive, o Iba já oferece 30 mil títulos em língua estrangeira. A meta para 2014 é chegar a 200 mil.
Engajamento
Do universo de 1,3 milhões de usuários, Ricardo estima que apenas 10% deles sejam realmente ativos, comprando e lendo pelos aplicativos do Iba. “Essa é uma métrica nova, ninguém nunca se preocupou em medir quantas pessoas entravam numa banca de revistas e folheava, sem comprar, uma revista”, pondera. Para isso, estão sendo pensadas ações para engajar os usuários do Iba. O primeiro passo foi a reestruturação completa dos 15 aplicativos Iba preparados para rodar nos mais diversos devices. “Remontamos completamente as nossas plataformas. Trocamos absolutamente todas as linhas de código dos nossos primeiros aplicativos feitos em 2012”, conta Garrido. Michelle Campos, gerente de marketing, que também participou do almoço, contou que a ideia é entrar com tudo com referências cruzadas para dinamizar e estimular a experiência de leitura pelo Iba. “Com isso, queremos aumentar a recorrência dos usuários, ampliar a escala e acelerar a curva de adoção”, explica Michelle.