PublishNews – 29/04/2014
Mark Coker é fundador da Smashwords, uma das maiores plataformas de autopublicação e distribuição de e-books do mundo. O site já publicou quase 7 milhões de e-books de autores independentes mundo afora. Mark também é colaborador do Huffington Post e, por isso tudo, tem experiência de sobra para falar sobre esse assunto que anda deixando editores e livreiros de cabelo em pé.
No meu último post previ que os autores de e-books independentes conquistarão 50% do mercado de e-books nos EUA em 2020. Hoje, estou olhando as implicações disto de outro ângulo – os ganhos dos autores. Hugh Howey recentemente jogou um pouco de luz sobre esta questão em seu siteAuthorEarnings.com(examinei o tumulto causado em Hugh Howey and the Indie Author Revolt.
Uma das vantagens normalmente citadas em relação a publicação de e-books independentes é que estes ganham “royalties” muito mais altos do que autores publicados tradicionalmente. Autores da Smashwords ganham tipicamente 60-80% do preço de venda, enquanto que os autores publicados tradicionalmente ganham entre 12,5% e 17,5% do preço de venda. A taxa paga pela editora depende se estão vendendo os livros pelo modelo de distribuidora ou de agência.
Vamos colocar alguns números para dar consistência a estas porcentagens. Um autor distribuído pela Smashwords ganha $2,40 em um e-book de $3,99 vendido através de um de nossos parceiros, enquanto que um autor publicado de forma tradicional ganharia entre 50 e 70 centavos. Para que o autor publicado de forma tradicional ganhasse os mesmos $2,40, o e-book deveria ter um preço entre $13,71 e $19,20. Isto explica porque autores talentosos estão sentindo um forte incentivo para publicarem de forma independente. Os independentes podem colocar um preço mais baixo, mas ainda ganham mais por unidade do que através das editoras tradicionais que cobram mais pelos livros mas continuam a oferecer uma porcentagem menor de royalties.
TABELA 02
A tabela no alto desta página é gerada pelas mesmas estimativas que criaram a tabela à esquerda que eu publiquei no último post.
A tabela no alto foi criada multiplicando a porcentagem do mercado que vai para os autores independentes de e-books (à esquerda) por 60%, e a porcentagem que vai para autores tradicionais por 15%.
Estas porcentagens são aproximações baseadas nas expansões que mencionei acima.
Você pode fazer o download da minha tabela para desenvolver e compartilhar suas próprias estimativas. Nada me deixaria mais feliz do que se alguém com melhores números provasse que minha estimativa de 15% para o mercado de e-books independentes em 2013 está muito alta (significaria que os autores da Smashwords teriam mais espaço para crescer no futuro!).
Confio, no entanto, que os 10 ventos de mudança que identifiquei no último post vão levar os independentes a ganhar cada vez mais mercado nos próximos anos.
O que é inicialmente incrível para mim na nova tabela no alto da página é que 2014 poderia ser o primeiro ano em que o total de dólares ganhos por independentes nas livrarias igualaria o valor ganho pelos autores tradicionais. Em 2020, a comunidade independente de e-books poderia ganhar quase quatro vezes mais do que a comunidade de e-books publicada de forma tradicional se os autores independentes chegarem a 50% do mercado como prevejo.
A seguinte informação incrível é como as curvas são íngremes. Note como é forte a ascensão dos autores independentes. O crescimento linear do mercado que usei como modelo para os independentes na tabela da semana passada leva a um diferencial maior na tabela desta semana em termos dos dólares que vão para os bolsos dos autores independentes em comparação com os bolsos dos autores tradicionais. Em linguagem simples, para cada dólar ganho com um e-book independente, o autor recebe 60 centavos. Para cada dólar ganho com um e-book publicado de forma tradicional, o autor recebe 15 centavos.
Minhas tabelas e suposições também estão limitadas. Meus números não tentam incorporar adiantamentos, por exemplo. É comum que as editoras paguem adiantamentos aos autores que nunca são recuperados pelas vendas dos livros. Em tais situações, a porcentagem de royalties declarada subestima o que o autor ganhou (também representa uma incapacidade da editora de estimar de forma precisa o potencial comercial de um livro).
Um limite adicional da tabela de hoje é que estou assumindo que a porcentagem de royalties vai continuar a mesma. Esta é uma suposição perigosa. Se a Amazon diminuir os valores dos e-books como fez com oscom os audiobooks da Audible na outra semana, ela vai romper o modelo e quebrar a banca de muitos autores. Ou as editoras tradicionais poderiam ouvir o chamado dos escritores e aumentar a taxa de royalties. Ou todo mundo poderia aumentar os royalties.
Minhas projeções pintam um quadro de uma comunidade de autores independentes preparada para ganhar uma parte ainda maior dos lucros dos e-books se os impressos continuarem a perder importância.
Mas isso não significa que ser autor independente é a estrada para a riqueza. O aumento dos e-books autopublicados vai levar a uma abundância de livros de alta qualidade que nunca sairão de catálogo. Estes livros, combinados com os lançamentos de e-books das editoras tradicionais, vai acumular as prateleiras de livrarias online e levará a mais e-books de qualidade concorrendo com um número limitado de leitores. Significa que os leitores vão se tornar mais sagazes. Significa que todos os autores – independentes ou não – terão que encarar concorrência mais intensa do que antes.
Bons livros não serão mais bons o suficiente. Leitores querem livros excepcionais. Os independentes vão entregá-los.
Tradução: Marcelo Barbão