Jornal Hoje – Edição do dia 21/03/2013
Veruska Donato – São Paulo, SP
O MEC fez uma pesquisa com diretores de escolas públicas do país.
Trinta e oito por cento não conseguem professores para várias disciplinas.
O Brasil vem formando menos professores para dar aulas em matérias específicas, como Biologia. Dos 52 mil formados em 2011, menos da metade fizeram licenciatura para dar aulas.
No curso de Sociologia, a proporção foi ainda menor: dos quase 50 mil estudantes, só 4.800 viraram professores. Com isso, a Secretaria de Educação deSão Paulo passa um sufoco todos os anos.
“Nós temos dificuldade de encontrar professores e sempre bons professores de Matemática, Química, Física, Geografia”, afirma Cesar Callegari, secretário municipal de educação – SP.
A escola particular precisou convencer o professor de Geografia que já havia sido sondado por uma empresa. “A procura por profissionais que estão na área é muito maior porque é levado em conta a experiência do profissional”, diz José Mauricio da Silva, professor de Geografia.
O principal motivo dessa falta de profissionais são os baixos salários. Os estudantes não se sentem estimulados a continuar a faculdade, fazer um curso de licenciatura para virar professores. As escolas ganharam um concorrente de peso na hora de contratar: as empresas estão atrás de matemáticos, físicos e biólogos. Além disso, estão pagando muito melhor.
“Há alunos na capital que nunca tiveram aulas com um professor de Física especificamente formado . O outro de matéria a fim vem dar aula, mas aquele de Física não vem. Ele vai para o campo de indústria”, revela Maria Izabel Azevedo Noronha, presidente do sindicato dos professores/ SP.
A educadora Maria Ester Ceccantini diz que é preciso uma campanha nacional para despertar nos mais jovens a vocação pela sala de aula. “No imaginário do jovem hoje não esta presente ‘eu quero ser professor’. Com isso, o professor perde esse espaço de honra que deveria existir e sempre”.
Em Natal, a falta de professores é um problema tão sério que, em cinco escolas estaduais os alunos se revezam para ter aulas.
Rodízio não é uma orientação da Secretaria Estadual de Educação. Foi uma decisão da escola Aldo Fernandes, devido à falta de professores. Essa situação da escola Aldo Fernandes só acontece em mais quatro escolas do total de 112 da rede estadual em Natal.
A assessoria informou ainda que os professores em alguns casos preferem renunciar o cargo do que trabalhar na zona norte da capital. O governo do estado vai fazer uma nova chamada de professores até o final desse mês. Esses professores serão chamados sabendo que é para trabalhar nas escolas da zona norte da cidade.