Infraestrutura precária é o problema mais citado por secretários de educação

Globo Online

  • Segundo Inep, 24,1% deles apontam falhas neste aspecto em escolas municipais
  • Em segundo lugar, aparece a não participação das famílias e da comunidade (16,2%), seguida pela dificuldade de inclusão de alunos com necessidades especiais (13,1%)

DEMÉTRIO WEBER (EMAIL·FACEBOOK·TWITTER)

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BRASÍLIA — A falta de infraestrutura nas escolas públicas foi o problema mais citado por secretários municipais de Educação em levantamento realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). De 3.410 secretários entrevistados – 61% do total no país -, 24,1% apontaram as insuficiências de infraestrutura, juntamente com dificuldades de conservação dos prédios, como principais problemas da respectiva rede municipal. Em segundo lugar, a não participação das famílias e da comunidade (16,2%), seguida pela dificuldade de inclusão de alunos com necessidades especiais (13,1%).

A pesquisa foi feita em 2010, ficou pronta no fim de 2011, mas só foi divulgada parcialmente anteontem, em encontro promovido pela União Nacional de Dirigentes Municipais de Educação (Undime) e por fundações privadas. A aprendizagem abaixo do esperado foi mencionada apenas por 9,56% dos secretários e ficou em nono lugar, numa lista de 20 itens. Os secretários podiam assinalar mais de uma opção.

Indagados sobre as prioridades de sua gestão, 46,16% responderam que era a melhoria da infraestrutura – novamente, a opção mais citada. O aumento dos níveis de aprendizagem, nesse caso, ficou na segunda posição, com 45,25%, seguida da promoção de formação continuada de professores (33,37%).

Para a presidente da Undime, Cleuza Repulho, a reforma dos prédios é hoje mais importante do que a construção de novos estabelecimentos. Mas, segundo ela, o Plano de Ações Articuladas (PAR) do Ministério da Educação (MEC) – pelo qual o governo seleciona e planeja repasses federais – não prevê dinheiro para reformar escolas.

Cleuza estranhou que a melhoria de aprendizagem tenha ficado em nono lugar entre os problemas mais citados. Por outro lado, essa foi a segunda opção mais assinalada pelos entrevistados ao mencionarem as suas prioridades.

— Qual é a função da escola? Aprendizagem abaixo do esperado precisa ser a prioridade número um do gestor — disse a presidente da Undime, que é secretária de Educação de São Bernardo do Campo (SP).

Para 51,5% dos entrevistados, os resultados obtidos pela rede municipal no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb de 2007), nas séries iniciais do ensino fundamental, foram bons (42,2%) ou ótimos (9,3%).

Os questionários foram respondidos em 2010. Assim, retratam a realidade anterior às eleições municipais de 2012, quando cerca de 70% dos secretários foram trocados, segundo Cleuza. O perfil mostrou que 90,1% dos dirigentes declararam ter curso superior. A parcela que afirmou ter também especialização foi de 59,4%. Mais de dois terços (67,7%) disseram ser filiados a partido político e 76,5%, pertencer ao quadro do magistério, seja do municipal ou estadual.

Um dado que preocupa o governo é que 53% relataram não ter havido um processo de transição, por parte da gestão anterior, quando assumiram o cargo. Quase um terço deles – 31,4% – disse que exercia outra atividade remunerada. O salário médio nacional do secretários municipais em 2010 era de R$ 2.954,10, de acordo com os entrevistados. As mulheres eram maioria (72,3%), assim como os autodeclarados brancos (63,6%). A idade média dos secretários era 45,1 anos.

A Undime e 11 fundações e institutos privados lançaram anteontem um ambiente virtual na internet para ajudar o trabalho dos secretários municipais de Educação. Com acesso mediante senha, o portal, batizado de Conviva Educação, permite lançar dados relativos a programas educacionais, repasses federais e professores que trabalham na rede.

— São 5,5 mil pessoas que podem ajudar e muito a melhorar a educação — disse a diretora-executiva do movimento Todos pela Educação, Priscila Cruz.

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