Do G1 São Carlos e Araraquara – 03/04/2013
400 estudantes foram acompanhados durante dois anos por pesquisadores.
Conteúdo interativo tornou o aprendizado mais interessante para os jovens.
Um projeto da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Araraquara (SP) acompanhou durante dois anos 400 estudantes do ensino médio da Escola Estadual Bento de Abreu (Eeba) e conseguiu melhorar em 51% as notas baixas dos alunos. O conteúdo interativo tornou o aprendizado mais interessante e mesmo aqueles que já tinham boas notas aumentaram o desempenho em 13%.
A tecnologia veio para tirar o medo que algumas matérias causam nos alunos. Com a ajuda de notebook, os alunos aprendem matemática e física. Os exercícios foram desenvolvidos pelos pesquisadores.
O professor de didática da Unesp Sílvio Fiscarelli disse que uma pesquisa mostrou que houve uma melhora de 30% no rendimento de todos os estudantes com a nova maneira de aprender. “Isso em média, porque nos alunos que já tiram nota maior que cinco, esse desempenho foi de apenas 13%, enquanto nos alunos que têm nota abaixo de cinco o desempenho chegou a 51%”, explicou.
Para ele, a maneira diferente de aprender complicados conceitos facilita o aprendizado. Um jogo que envolve conceitos matemáticos no notebook, por exemplo, tem o objetivo de trocar o máximo de vezes combinações de roupas sem repetir as mesmas peças em uma boneca, com isso, os alunos aprendem a matéria de análise combinatória.
“O estudante vai arranjar aqueles elementos de uma forma característica dentro do conceito matemático daquilo, jogando e brincando”, afirmou a professora de matemática Maria Helena Bizelli.
Na matéria de física, descobrir a velocidade dos elétrons parece até brincadeira. Uma história em quadrinhos explica sobre transferência de calor e ensina a calcular a temperatura correta do café e do leite por meio de um desafio. Se o número for digitado errado, o aluno pode queimar a boca da personagem do jogo.
“A questão da interatividade é importante, os exercícios no notebook justamente aumentam essa interatividade do aluno e dele próprio buscar o conhecimento O aluno constrói seu conhecimento, em vez de só ouvir a informação e assimilar”, ressaltou Silvio Fiscarelli.
Para Alcenir dos Santos, professora da escola estadual, trabalhar com a tecnologia também é um desafio para os professores que precisam se reinventar dentro de sala de aula. “Vamos ter que aprender juntos, eles nos ensinando a tecnologia e a gente os orientando a aprender o conteúdo”, explicou.
Novas possibilidades
Muitos estudantes descobriram um novo mundo de possibilidades. “Tudo o que fosse exatas eu tentava fugir o máximo que eu pudesse, agora já dá”, disse Liniker Barros, aluno do projeto.
A estudante Letícia Polezzi, que não gosta de exatas, passou a se interessar mais por física. “Eu pensava que era um bicho de sete cabeças, mas comecei a pegar gosto e com o projeto do ano passado, aprofundei e gostei“, contou.
Ir à escola e ficar na frente do computador não será problema para esta geração conectada. “A tecnologia é muito importante, porque assim os alunos vão dar mais incentivo à matéria, vão querer estudar mais. Se o aluno fica o dia inteiro em casa no computador, na escola ele também pode ficar um pouquinho sem problemas” afirmou a aluna, Thaís Machado.