Jornal O Globo – MARINA MORENA COSTA – Publicado:
- Tecnologia facilita vida de estudantes e professores, mas exige infraestrutura de primeiro mundo
- Versão eletrônica será distribuída às escolas públicas em 2015
RIO – Quem não sonha em se livrar da mochila pesada cheia de livros e cadernos, e ter todo o material didático no próprio tablet ou notebook? O livro digital promete mudar a rotina dos estudantes e já é realidade em escolas particulares do Rio de Janeiro e do Brasil.
A versão digital é acessada por dispositivos móveis ou computadores e folheada, assim como o jornal digital. As soluções variam, mas, em geral, ícones no livro (impresso ou digital) indicam o conteúdo interativo, hospedado no site das editoras. Ilustrações se transformam em vídeos, letras de música em áudio e exercícios complementares podem ser resolvidos on-line. O aluno lê, grifa e anota – como sempre fez, mas agora no computador.
— A divisão celular que antes era apresentada apenas por uma imagem no papel fica muito mais rica com uma animação — exemplifica Ronyse Pacheco, diretora da Editora SM.
A empresa criou uma plataforma on-line na qual estudantes e professores podem discutir em fóruns e trocar mensagens. O pacote de serviços oferecido às escolas também inclui área de apoio ao professor com galeria de recursos para utilizar em sala de aula e formação continuada a distância.
— É preciso identificar a melhor ferramenta e mídia para cada conteúdo. Em momentos que necessitam interatividade, o papel não é o meio mais adequado. Mas pode ser na hora de uma leitura aprofundada — afirma Emerson Santos, diretor-geral da Editora Positivo.
Escola pública
A partir de 2015, o livro digital começará a ser distribuído às escolas públicas de Ensino Médio do Brasil pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), do Ministério da Educação (MEC). O edital para as editoras enviarem seus produtos está aberto e o material deverá ser entregue para avaliação em agosto.
O MEC exige que o livro digital tenha todo o conteúdo do impresso integrado a soluções multimídia, como mapas, vídeos, jogos educacionais, infográficos, áudios, sites etc. Login e senha para estudantes e professores baixarem o material multimídia no site das editoras deverão vir impressos na versão em papel. O livro digital deverá ser utilizado sem necessidade de conexão com a internet, a não ser no primeiro acesso para baixar o material.
Editores descrevem um cenário de efervescência na preparação dos materiais digitais. Professores, autores, técnicos em games, engenheiros de computação gráfica, profissionais de diferentes áreas trabalham juntos para identificar tendências, bolar soluções interativas para o conteúdo didático e descobrir como serão as aulas do futuro.
— O livro digital está em construção. A sala de aula vai ficar mais bacana. Nosso objetivo é antenar o aluno com o mundo em que ele vive, que é muito digital. A escola não pode ficar atrás — diz Sônia Cunha, diretora editorial da Moderna.
A tecnologia facilita a vida de estudantes e professores, mas exige infraestrutura de primeiro mundo. Para baixar o livro e acessar conteúdos on-line, é preciso ter computadores com alta capacidade de armazenamento e banda larga potente nas escolas e nas casas dos alunos. Uma combinação ainda distante da realidade brasileira.