O termo, embora já bastante conhecido no mundo da tecnologia, começa aos poucos e timidamente a adentrar a sala de aula. O cloud computing(amigavelmente conhecido como computação em nuvens) permite que usuários da internet possam armazenar seus arquivos remotamente e compartilhá-los de qualquer lugar sem que seja necessário qualquer instalação. Na educação, a ferramenta pode servir para baratear os custos com parques de computadores em rede nas instituições de ensino, ajudar professores a planejar e organizar suas aulas ou até mesmo apoiar estudantes para que realizem trabalhos, de modo interativo – tudo de forma remota. “A conexão via nuvem será uma tendência”, enfatiza Paulo Iudicibus, diretor de novas tecnologias da Microsoft que mediará o painel que aborda inovações em educação no Geduc 2013, evento que destaca educação 3.0 na gestão escolar, que acontece em SP, de 20 a 22 de março.
“De maneira pragmática, todo conteúdo pode estar na nuvem, portanto, seguro e acessível a qualquer lugar, independentemente do dispositivo. Tem alunos que querem usar o equipamento do tipo a, outros do tipo b. Usar ou não o tablet é irrelevante. O importante é o conteúdo, a colaboração em qualquer espaço”, diz.
É o caso dos estudantes, por exemplo, que podem realizar seus trabalhos de modo simultâneo, editar e até conversar em um mesmo arquivo, à distância, sem a necessidade de encontros presenciais. Já os professores podem usar o sistema para corrigir os trabalhos on-line de seus alunos de qualquer lugar a partir de um dispositivo móvel com acesso à internet, administrar o calendário de aulas do ano letivo ou até mesmo abrigar os conteúdos de suas aulas, compartilhados com seus alunos.
Segundo Iudicibus, “a sala de aula na nuvem” permite, inclusive, trazer uma “esperança ao modelo de ensino”. “O professor cria conteúdos mais ricos, customizados e compartilha seus documentos de forma eletrônica, independentemente de estar em casa ou na sala de aula. O modelo de educação ainda está centrado na forma tradicional industrial de ensinar. O professor dentro da sala de aula física precisa ser questionado. Ele precisa usar a tecnologia como apoio para levar o conhecimento para fora, para tornar o ensino mais autodidata”, assegura.
Nas nuvens
O cloud computing pode ser encontrado em diferentes programas e empresas. Muitos deles são gratuitos com armazenamento limitado e tem suas versões premium, pagas, para uso de empresas e escolas, por exemplo. É o caso do GoogleDocs, no qual o usuário pode armazenar até 1 GB de dados sem nenhum custo e ainda oferece aplicativos para a criação dos arquivos. Outro exemplo é o SugarSync, com capacidade gratuita de até 5 GB de armazenamento. Já o DropBox, armazena de graça até 2 GB, mas também oferece planos pagos, que vão até 1000 GB.
No ano passado, o Centro Universitário Senac em parceira com a IBM, desenvolveram o Centro InovaCidades, espaço baseados nos conceitos de computação em nuvem onde estudantes planejam e desenvolvem ferramentas que ajudam a gerenciar os sistemas públicos brasileiros.
Também em 2012, a Microsoft lançou o pacote Office 365 para Educação totalmente voltado ao armazenamento remoto, no qual instituições de todo mundo podem usar, gratuitamente, na nuvem, ferramentas para gravação de vídeo e troca de conteúdo. O uso do cloud computing e do kinect –que utiliza sensores para identificar o movimento dos braços, pernas e voz –, foi decisivo para dois estudantes brasileiros criassem o Eureka!. O projeto, vencedor de duas categorias na competição Imagine Cup 2012, da Microsoft, é um sistema que ajuda os professores a criar e compartilhar aulas interativas.
De acordo com Iudicibus, iniciativas como essas são muitos mais eficazes no ensino já que permitem além da customização em massa, potencializar os talentos dos estudantes. “Os métodos atuais de educação contribuem apenas para minimizar os talentos dos jovens, que se veem em aulas tradicionais maçantes e pouco atrativas”, afirma.