Fonte: Correio Braziliense (DF) – 09 de julho de 2014
“Cada passo para aperfeiçoar as metodologias de Ensino será uma conquista, mas não podemos perder referências básicas que orientam o aprendizado”, afirma Ademar Celedônio Guimarães Junior
Quem tem mais de 30 anos na área da Educação ainda deve lembrar bem da chegada de televisores, videocassetes e projetores de slides às salas de aula. Saudados como verdadeiros arautos de uma tão aguardada e necessária revolução educacional, esses gadgets tecnológicos do passado pouco influenciaram, pelo menos de forma concreta, as metodologias tradicionais de Ensino. O resultado, amplamente conhecido e nada surpreendente, foi que esse material acabou encostado e restrito a apenas ações pontuais complementares, ao contrário da almejada meta de uso recorrente no dia a dia.
Passaram-se os anos e, hoje, renasce a esperança de que uma revolução no Ensino chegue por meio de uma inovação tecnológica. A bola da vez parece ser o tablet, que já ganha espaço no ambiente estudantil e no cotidiano dos Alunos. Demonstração clara dessa tendência é que esses equipamentos já estão presentes em listas de materiais Escolares de cerca de 30% dos colégios privados brasileiros, segundo levantamento feito pela Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep). Seriam esses os novos falsos arautos do futuro?
A questão é complexa e nasce de uma tendência permanente na mentalidade nacional: preferir o caminho fácil. Na área educacional, infelizmente, não é diferente. Para atender a essa demanda inconsciente por uma solução rápida, a tecnologia dos tablets, agora, é elevada pelas peças publicitárias como a grande solução. “A esmola é grande”, diria o santo, com razão, e talvez seja prudente que desconfiemos.
Na prática, é um erro confundir a simples ampliação de possibilidades sensoriais oferecidas por uma plataforma com a resolução do verdadeiro problema que permeia a Educação nacional. Um dos pontos a discutir diz respeito à aversão de nossos Educadores a mudanças essenciais na metodologia de Ensino. Para superar esse obstáculo — de proporções tão titânicas quanto permite a teimosia humana —, é preciso aceitar algumas coisas. A principal é que a dinâmica adotada desde a década de 1950 não funciona mais entre as novas gerações de estudantes.
E esta é a hora, pois atravessamos ambiente propício para mudanças. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 40,8% dos lares brasileiros possuem acesso à internet e 68% dos usuários acessam a web diariamente. Por sua vez, conforme estudo do Grupo IDC, multinacional especializada em inteligência de mercado, cerca de 43 milhões de tablets e smartphones foram comercializados no Brasil em 2013. Ora, a inundação do dia a dia por essa tecnologia pode não ser a solução em si, mas é forte incentivo para refletirmos sobre como podemos usá-la para superar o atual impasse.
É claro que “cair de cabeça” não é adequado. Trata-se de caminhada em mata fechada e desconhecida. Cada passo para aperfeiçoar as metodologias de Ensino será uma conquista, mas não podemos perder referências básicas que orientam o aprendizado. Pior do que não explorar as possibilidades é perder o rumo. No Colégio Ari de Sá, colégio-modelo do Sistema Ari de Sá, buscamos compreender o desenvolvimento de processos de maneira sistêmica, da mesma forma que envolvemos os Professores na construção dos materiais didáticos digitais. Assim, eles podem aplicar o estado da arte das estratégias de Ensino às incontáveis possibilidades de interação, conquista de atenção e flexibilidade oferecidas por softwares educacionais.
De forma ponderada, procuramos detectar as demandas apresentadas pelos Docentes e Alunos, para assim criar recursos que os coloquem para “falar a mesma língua”. Um caminho que nos tem levado à aprendizagem significativa, um conceito que tem por foco fazer com que o Aluno entenda a importância de cada conteúdo e a razão do mesmo em sua grade curricular. Com isso, o Docente tem a oportunidade de se adaptar constantemente ao contexto do estudante. Esse, por sua vez, terá benefícios muito mais preciosos do que simplesmente se divertir com equipamentos eletrônicos.
GOSTARIA DE RECEBER PUBLICAÇÕES DE ESTUDOS FEITOS PELO SISTEMA ARI DE SÁ. SOU COORDENADORA DE UMA ESCOLA PÚBLICA EM NATAL/RN.OBRIGADA.