PORVIR – 10/04/13 – POR VINÍCIUS BOPPRÊ
Foi durante o ensino fundamental que Leandro Santos descobriu que a causa para sua dificuldade de aprendizado era a dislexia. Por conta disso, ele precisou, muitas vezes, procurar outros meios para compreender o conteúdo que era dado em sala de aula. Passado algum tempo, percebeu que outros estudantes tinham a mesma dificuldade e, o melhor de tudo, muitos deles tinham mais facilidade de aprender por meio dos games. Foi aí que veio a ideia de criar a Zeppelin Game Studio, que une jogo educativo, dados sobre o aprendizado e desempenho de cada estudante e, claro, seu gosto por rock (o nome é inspirado na banda Led Zeppelin). “Nossa proposta é auxiliar, acrescentar e não mudar de vez. O ensino e a educação não mudam, mas a forma de aprendizado é perfeitamente mutável”, afirma André Bayma, cofundador da plataforma.
O Questão de Escolha é o primeiro jogo desenvolvido pela equipe que apresentou seu projeto durante o Transformar 2013. Ainda em fase de desenvolvimento, ele já tem sido usado em duas escolas de São Luís, no Maranhão, mas outras instituições já estão em negociação para implementar o programa. Mesmo no começo, a equipe não deixa de ter ideias e fazer planos. Até março do ano que vem, pretendem desenvolver outros jogos que englobem o conteúdo de todos os anos no ensino fundamental.
Por enquanto, o game aborda todo conteúdo de história para o 6o ano do ensino fundamental, desenvolvido com o apoio de dois pedagogos e uma psicóloga. “Nosso foco na construção dos games é o entretenimento. O aluno que está jogando aqui é aquele que vai chegar em casa e jogar videogame. Para garantir o conteúdo correto, nós contamos com a ajuda de especialistas para dizer qual a melhor forma de abordar o assunto”, diz Bayma.
O Questão de Escolha é um jogo de aventura em formato de quiz, em que o aluno guiará o navegante português Diogo, enfrentando piratas, marinheiros e criaturas sobrenaturais. A cada resposta correta, o estudante ganha munição para vencer seus inimigos e, assim, avançar pelos três níveis de dificuldade. E quando erram? “O jogo não diz que errar é errado. Por isso, quando ele erra, ganha um pato que não serve para nada, mas não atrapalha a continuidade da história. Além disso, depois de cada erro, nós oferecemos explicações e a resposta correta”, explica.
E a vida do professor também fica mais fácil com a plataforma. A escola que adotar o Questão de Escolha, também recebe o Ados, sistema de métricas de aprendizado que aponta, a partir dos dados coletados no game, onde os alunos tem maior dificuldade, permitindo que o professor acompanhe individualmente cada um deles. “O professor é ferramenta fundamental em nosso projeto. Por isso, todos eles terão um treinamento para compreender a plataforma, além de um acompanhamento nas primeiras semanas”. Apesar de ser desenvolvido para alunos do 6o ano, outros educadores já adaptaram o game para inserir o conteúdo de outros anos. “Eles têm liberdade para inserir suas próprias perguntas no quiz quando quiserem”.
André conta que cada professor encontrou a sua maneira de usar o game. Alguns deles preferiram passar como lição de casa, outros usam na própria escola, intercalando com aulas expositivas e teve até quem usou para dar aulas de informática. “Acreditávamos que haveria uma barreira maior para implementar o projeto mas o professores estão mais engajados, todo mundo está querendo fomentar a tecnologia na educação.”