Folha de São Paulo – ÉRICA FRAGA – 26/10/2014
“Essa expansão possibilita ao jovem chegar ao mercado de trabalho com melhor formação e conseguir uma renda maior”, diz Rafael Lucchesi, diretor-geral do Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial), que levantou os dados de matrículas do Ministério da Educação.
A demanda por profissionais com perfil técnico aumentou na última década.
Dados do Ministério do Trabalho mostram que, de 27 grupos de profissões técnicas, 16 tiveram aumento do quadro total de empregados acima do crescimento médio do mercado formal, que foi de 65,7%, entre 2002 e 2013.
Áreas como saúde, construção civil, eletroeletrônica e mecatrônica estão entre as de maior expansão de vagas.
Segundo João Roberto Campaner, diretor da Escola Senai Roberto Simonsen, existem dois movimentos distintos do mercado de trabalho. A procura por profissionais especializados em construção civil, por exemplo, é considerada conjuntural, associada ao boom do setor no país nos últimos anos, e tende a perder fôlego.
Há tendências estruturais, mais duradouras, em áreas que estão incorporando novas tecnologias e passam a demandar profissionais preparados para operá-las.
“O nosso desafio, além de oferecer os cursos adaptados a essas mudanças, é também ajudar a atrair os jovens para as áreas com maior demanda”, diz Campaner.
MAIOR INTERESSE
O interesse de jovens e adultos pela formação profissionalizante começou a aumentar há uma década na esteira do aquecimento do mercado de trabalho.
O aumento das matrículas nos últimos anos foi possibilitado pela maior oferta de vagas no ensino técnico pelo setor público e privado.
Segundo Lucchesi, o Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego), lançado pelo governo federal em 2011, tem contribuído para a expansão.
Há três modalidades de ensino médio profissionalizante no Brasil. Para obter o diploma nesses cursos, o aluno precisa concluir também o ensino médio convencional.
É possível cursar o ensino médio e o profissionalizante ao mesmo tempo na mesma escola em instituições que ofereçam esse tipo de formação, chamada de integrada.
Essa foi a modalidade que mais cresceu no país nos últimos anos.
Outra possibilidade é fazer um curso profissionalizante de nível médio após a conclusão do ensino médio tradicional. Esse tipo de formação subsequente –que agrupa mais da metade dos alunos e reflete a busca de quem já está no mercado de trabalho por maior especialização– também teve crescimento.
No Centro Paula Souza, autarquia ligada ao governo de São Paulo, 4,2% dos aprovados para os cursos técnicos da instituição no primeiro semestre deste ano já tinham, inclusive, ensino superior.
Na contramão, a modalidade de ensino técnico chamada concomitante, em que o aluno cursa o ensino médio em uma escola e o profissionalizante em outra, apresenta queda no número de matrículas desde 2008.