Convergência Digital – Por Suzana Liskaukas – 16/05/2013
O professor nunca foi tão necessário quanto no contexto atual da era digital. A frase é da cientista e educadora Martha Gabriel, autora de diversos livros sobre educação na era cibernética. Em sua palestra “Livro Didático Digital”, na BITS 2013, que acontece em Porto Alegre, a pesquisadora afirmou que a tecnologia, ao contrário do que muitos pensam, não embota o cérebro, mas pode ser uma grande aliada do docente, desde que ele queira se tornar amigo e usuário dela.
A internet traz o modelo Socrático, a Paideia, para as salas de aula. O professor 2.0 não é um mero repassador de conteúdo, ele conecta esses conteúdos. “É um catalisador de ideias. Ele é capaz de direcionar o aluno para a busca inteligente do conteúdo na rede”, disse Martha.
A pesquisadora alertou que estamos vivendo uma mudança muito impactante entre a Era da Informação (Revolução Industrial) e a Era da Inovação (Revolução Digital). Segundo a pesquisadora, o que foi aprendido na escola anos atrás não cabe mais hoje, em termos de conhecimento inteligente.
“As grandes habilidades dos jovens até 2020 serão o pensamento crítico, a criatividade e a conexão”, destacou. Na visão de Martha, as escolas precisam descartar o modelo do incentivo ao acerto. “Para estimular a criatividade em um aluno, é preciso incentivá-lo a tentar e errar. Se um aluno não está preparado para errar, ele provavelmente terá mais dificuldade em adotar posturas criativas”, completa.
Na era digital, os modelos de educação formal perdem cada vez mais espaço para a educação informal. “As pessoas não se contentam mais com um certificado, elas querem saber como faz, como resolver os problemas que elas enfrentam no dia a dia de suas organizações e corporações. Por isso, surgem cada vez mais caminhos como as universidades corporativas, por exemplo”, acrescentou Martha. “Estamos cada vez mais cerebralmente conectados às camadas de tecnologia, o que acelera o ritmo da inovação”.
Segundo a pesquisadora, em um ambiente cada vez mais baseado no BYOD (Bring your own device) e em que 73% dos representantes da Geração Y afirmam não conseguir mais estudar sem recursos de tecnologia, o Professor 2.0 está cada vez mais parecido com um canivete suíço, repleto de funcionalidades. “Mais do que a era BYOD, estamos na era BYOC (Bring your own cloud). O professor precisa testar as redes sociais. saber como usá-las para estimular o aprendizado e, asism, aumentar a capacidade do aluno de apreensão de conteúdo”, comentou.
Martha finalizou a apresentação mostrando que, apesar de vivermos em uma época muito rica em termos de compartilhamento de informações e conhecimento, ela traz muitos desafios para o professor e o ambiente educacional. “O educador precisa saber como lidar com o excesso de exposição, dele e dos alunos. É preciso lembrar que as pessoas esquecem, mas a Internet, não. As questões éticas e o bulling devem ser analisados com cuidado”.
Outro grande desafio, segundo a pesquisadora, é o plágio na rede. “Se você mostrar a uma criança o que é plágio e dizer que, quando você cita, não é há demérito, muito pelo contrário, você vai estimulá-la a pensar de outra forma. Muitas vezes o plágio acontece, porque quem o pratica não tem consciência”
A pesquisadora alertou que também é preciso saber lidar com o excesso de informação e a fadiga cerebral. “Temos registros de que quem usa tecnologia pode mudar 37 vezes mais de telas durante o dia do que os que não usam tantas redes sociais, por exemplo. Isso dispersa o aprendizado” afimrou Martha, que aposta no professor 2.0 com uma das profissões mais importantes do futuro.