Vanessa Fajardo – Do G1, em São Paulo – 06/04/2013
Índice de matemática foi 90,5% e 76,7% em escrita, segundo avaliação.
No entanto, rede municipal ainda tem 7 mil analfabetos funcionais.
Dados do Alfabetiza Rio, avaliação da Secretaria Municipal do Rio de Janeiro, mostram que 90,5% dos alunos que concluíram o primeiro ano do ensino fundamental no ano passado nas escolas municipais, passaram para o segundo ano com índice de 90,5% de alfabetização em matemática e 90% em leitura.
Foram incluídos neste montante os estudantes que tiveram desempenho intermediário, proficiente e avançado nas provas aplicadas nos dias 17 e 18 de novembro de 2011. É o terceiro ano consecutivo que o teste é realizado. Em 2011, os indicadores foram 81,7% (matemática) e 83,8% (leitura). Os resultados foram divulgados neste sábado (6) pela Secretaria Municipal do Rio de Janeiro.
No total, foram avaliadas cerca de 40 mil alunos que estavam no final do primeiro ano matriculados em 118 escolas da cidade do Rio de Janeiro. As provas foram aplicadas e os resultados tabulados pelo Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação (Caed) da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), de Minas Gerais.
Confira o desempenho dos estudantes na avaliação de 2012: | |||
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Leitura | Escrita | Matemática | |
Baixo | 10% | 23,3% | 9,5% |
Intermediário | 13% | 14% | 11,5% |
Proficiente | 38,8% | 38,2% | 36,4% |
Avançado | 38,2% | 24,5% | 42,6% |
Fonte: Prefeitura do Rio de Janeiro |
“Claro que 90% de alfabetização é um índice fantástico, mas temos de prestar atenção nos 10% restantes. Nenhuma criança deve ficar para trás e temos de garantir que ele esteja alfabetizada no segundo ano. Ainda temos muito trabalho pela frente”, diz a secretária municipal de Educação do Rio de Janeiro, Cláudia Costin, em entrevista ao G1.
A secretária atribui o resultado ao trabalho de fortificação da alfabetização que foi feito após a Prefeitura identificar que possuía na rede municipal 28.000 alunos analfabetos funcionais (o equivalente a 13,6% do total), matriculados nos 4º, 5º e 6º anos do ensino fundamental, em março de 2009. O analfabeto funcional sabe desenhar as letras, conhece seu som, pode até ler, mas não sabe o que está lendo.
“Se tornou muito claro que tínhamos de melhorar a alfabetização inicial. Nossa rede vai alfabetizar a criança aos 6 anos, se você deixar para mais tarde, porque os pais não têm livro em casa, não leem jornal, o ‘apartheid educacional’ só vai fazer crescer. Alfabetizar nesta idade é muito mais fácil”, diz Cláudia.
A partir de 2009, a secretaria capacitou 3.000 professores, criou o próprio livro de alfabetização e passou a fazer provas bimestrais. Outra mudança foi o fim da aprovação continuada, quando o estudante muda de série, mesmo sem ter desempenho suficiente. Atualmente no Rio de Janeiro, as crianças são aprovadas automaticamente do primeiro para o segundo ano, conforme recomendação do Conselho Nacional da Educação, mas podem ser retidas a partir do terceiro ano do ensino fundamental.
Apesar do cenário positivo, a rede municipal do Rio de Janeiro ainda não zerou o índice de analfabetos funcionais. Segundo a secretária, neste ano foram identificadas 7.200 (4,13% do total) crianças neste perfil matriculadas entre o 4º e 6º anos. “A cada ano fazemos uma medição. Assim como São Paulo recebemos muitas crianças de outras redes, então é um número difícil de zerar.”
Professores e escolas madrinhas
O Alfabetiza Rio ainda revelou onde estão as melhores educadoras da rede municipal, ou seja, as professoras responsáveis pelas turmas com o desempenho mais alto (confira nomes abaixo).
Segundo Cláudia Costin, a Prefeitura vai acompanhar aulas, gravar depoimentos com estas educadoras e usar como material de treinamento para as outras escolas. “Temos 1.600 turmas, se os alunos desses professores tiveram as melhores notas temos de entender o que eles tiveram de especial.”
As escolas que tiveram os piores desempenhos serão ‘apadrinhadas’ pelas que tiveram boas notas. O objetivo, de acordo com a secretária, é que ambas troquem ideias para elaborar um plano de melhoria para a escola com pior desempenho.
Responsáveis pelas turmas com melhores desempenhos | ||||
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Professora | Escola municipal | Bairro | Média | |
1ª | Cassilda Almeida dos Santos | Ciep 1º de Maio | Santa Cruz | 233,8 |
2ª | Urania Souza dos Santos | Octavio Tarquinio de Souza | Pavuna | 233,7 |
3ª | Carla Paiva de Mesquita | João Gualberto Jorge do Amaral | Paciência | 233,1 |
4ª | Maria Aparecida Braga de Oliveira | Professor Escragnolle Doria | Costa Barros | 231,4 |
5ª | Renata Aparecida Mariano Damascena Henriques |
Professor Jurandir Paes Leme | Recreio | 231,3 |
6ª | Adriana Rodrigues Krempser | Gaspar Vianna | Irajá | 230,7 |
7ª | Catia Loretti Gonçalves da Silva | Cervantes | Bento Ribeiro | 230,6 |
8ª | Lucia Rejane da Silva | Doutor Nelson Hungria | Paciência | 230,5 |
9ª | Maristela Martins | Nova Holanda | Complexo da Maré | 230,1 |
10ª | Monica Maria Weinstein Iozzi Dias | Estácio de Sá | Urca | 230,1 |
11ª | Alzenate Ancelmé Dias | Luiz Cesar Sayão Garcez | Olaria | 229,7 |
12ª | Cláudia Maria de Souza Cruz | Artur Azevedo | Pavuna | 229,6 |
Fonte: Prefeitura do Rio de Janeiro |