Agência Câmara – 14/05/2013
Secretários estaduais de Educação de Minas Gerais, São Paulo e Ceará apresentaram na Câmara nesta terça-feira (14) inciativas que estão sendo realizadas nos três estados com o objetivo de tornar o ensino médio mais atrativo e útil para os jovens.
Durante a audiência pública promovida pela Comissão Especial que estuda a Reformulação do Ensino Médio os secretários citaram, entre as iniciativas, escola em tempo integral, ensino profissionalizante e professores com dedicação exclusiva.
Escola integral
O secretário de educação do estado de São Paulo, Herman Jacobus Cornelis Voorwald, destacou que desde 2011 está sendo implementado no estado o projeto “Educação: compromisso de São Paulo”, que institui a escola integral e a carreira de dedicação exclusiva para os professores do ensino médio.
Os alunos que optarem pelo ensino integral, os pais deverão assinar um termo de compromisso de que ele tem condições para concluir o ensino médio nessa modalidade. Para o professor que optar pela dedicação exclusiva, explicou Herman Voorwald, será dado um acréscimo de 75% no salário.
Os alunos do ensino médio em São Paulo também podem optar por um programa que oferece educação técnica de nível médio no horário alternado ao da aula de forma concomitante ou integrada. Hoje são 35 mil alunos na forma concomitante e 6 mil na forma integrada. O currículo é único e foi instituído pelo Instituo Federal de Educação Técnica e a Escola Estadual de Educação Técnica.
Até 2014 serão atendidas 180 escolas. Atualmente, são atendidos 58 mil alunos e 4 mil professores com dedicação exclusiva.
Em São Paulo também estão sendo usados os ambientes virtuais para estudo de inglês, espanhol e também para pré-vestibular. Com esse modelo a secretaria está atendendo mais de 80 mil alunos.
Preparação para o vestibular
O relator da comissão, deputado Wilson Filho (PMDB-PB), lembrou que o ensino médio tem como objetivo preparar para a vida, mas atualmente se tornou um espaço de tempo apenas para a preparação para o vestibular que deixa de fora a maior parte dos alunos. “Três longos anos apenas para um mero vestibular. Infelizmente pouca gente consegue passar e 88%, que é o percentual de estudantes que não entra no vestibular, não usam o ensino médio para nada. O ensino médio não tem o lado profissionalizante, não tem o ensino integral, não tem uma flexibilização da grade curricular.”
Baixo IDH
A secretaria de Minas Gerais implementou o programa professor da família em 87 escolas de 46 municípios. O objetivo é acompanhar os alunos em municípios com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), elevado índice de evasão escolar e notas baixas no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb).
Os professores que participam do programa realizam um acompanhamento pedagógico com os alunos e suas famílias.
Um dos primeiros resultados observados, explicou a secretária de Ensino de Minas Gerais, Ana Lúcia Gazzola, foi que os pais e irmãos que haviam abandonado os estudos agora voltaram às escolas para fazer o curso de Educação de Jovens e Adultos (EJA), o antigo supletivo.
Dados da secretaria de Minas demonstram que apenas 1/4 dos alunos que saem do nono ano do ensino fundamental concluem o ensino médio.
Para a secretária Ana Lúcia Gazzola, somente com a modernização do currículo com o emprego das novas tecnologias existentes será possível garantir a permanência do aluno na escola e melhorar a qualidade do ensino. “Na verdade, há um equívoco quando as pessoas pensam que o que vai modificar o ensino é colocar mais disciplinas na escola, não é isso. O conhecimento no século XXI muda tão rapidamente que precisamos desenvolver competências e habilidades.”
Ana Lúcia afirmou que em cada disciplina há alguns conteúdos básicos que têm que ser transmitidos, mas ressalta que também é importante criar um novo perfil de aluno. “Um aluno que seja capaz de aprender sempre e o que esteja disposto a enfrentar com uma mente empreendedora e inovadora as transformações do mundo e do conhecimento.”
Ensino deficitário
Já a secretaria de educação do Ceará, Maria Izolda Coelho, lamentou que os alunos já cheguem ao ensino médio com uma educação deficitária e que após três anos continuem fracos ou ainda piores no desempenho escolar.
Ela defendeu reformas estruturantes como a construção de escolas, investimento em transporte escolar, laboratórios, acervos, ginásios esportivos, renovação de mobília escolar, climatização como formas de garantir o acesso, a permanência e o aprendizado dos jovens no ensino médio.
A comissão vai iniciar ainda no mês de maio as reuniões estaduais para verificar as iniciativas exitosas e as que precisam ser corrigidas.
Edição – Regina Céli Assumpção