Porvir – 22/05/15 POR CAROLINA LENOIR
Para ex-ministro britânico, plataformas que promovem integração entre os educadores e troca de experiências vão qualificar a educação
De que forma a tecnologia pode extrapolar o seu potencial transformador no aprendizado dos alunos e trazer boas contribuições para a qualificação dos professores? O tema foi debatido durante uma mesa redonda promovida na manhã de hoje pela Fundação iFHC, em São Paulo. O evento contou com a participação de Lord Jim Knight, ex-ministro da Educação da Inglaterra e diretor-executivo de aprendizagem online da TES Global, maior rede online de professores no mundo, com plataformas voltadas para o desenvolvimento profissional, a excelência do ensino e a empregabilidade dos professores.
Em sua experiência como ministro, Knight afirma ter aprendido que o investimento em tecnologia nas escolas é extremamente importante, mas pode ser desperdiçado se não forem empregados os mesmos esforços em treinamento e qualificação dos professores. “É fácil para os políticos se distraírem com o que parece urgente em vez do que é realmente importante. Construir mais escolas e oferecer recursos tecnológicos parece urgente, mas é mais importante investir no professor, que é a raiz de uma educação de qualidade”, explica Knight.
De acordo com ele, de nada adianta oferecer notebooks e outros dispositivos eletrônicos para toda a classe e esperar que o professor simplesmente passe a ensinar dessa forma. “A tecnologia não deve ser imposta, mas sim inserida na trajetória de ensino do profissional. Não se trata de usar novas ferramentas e recursos para despejar conteúdo e informação nos alunos, na expectativa de que eles regurgitem o que lhes foi passado. Eles ainda precisam ser ensinados a pensar mais e de forma mais aprofundada, e isso demanda habilidade, criatividade e colaboração.”
E é nesse cenário que tecnologia pode ter um outro viés, o da qualificação, principalmente por meio da integração entre os professores e da troca de experiências. Um dos exemplos de possibilidades é o trabalho feito pela TES Global, que disponibiliza milhares de recursos pedagógicos desenvolvidos por e para professores, com uma média de 6 milhões de downloads semanais de materiais que ajudam a orientar, informar e inspirar educadores em todo o mundo.
São mais de 7 milhões de professores cadastrados, compartilhando conteúdo e estratégias de ensino entre si de forma global. “Os professores querem aprender uns com os outros e as plataformas online podem e devem ajudar nisso”, afirma Knight. Os conteúdos podem ser acessados por meio do site TES Connect, produto mais conhecido da empresa, mas há também outras plataformas que pretendem ajudar os professores a melhorar sua prática profissional.
Isso inclui sites como o New Teachers, dedicado a estudantes universitários e professores recém-formados, com notícias, dicas e inspirações relativas à sala de aula para quem está entrando na profissão; o Growing Ambitions, que traz maneiras inovadoras de incentivar os alunos a canalizar as suas aspirações para o futuro, com materiais multimídia que podem ser baixados e usados em aulas sobre decisões como carreira e cidadania; o TES Jobs, voltado à empregabilidade, que conecta instituições com vagas à profissionais que querem uma recolocação; e o Blendspace, com ferramentas para transformar todos os materiais baixados em aulas integradas.
Para Knight, são iniciativas nesse sentido que ajudam a criar a cultura dofeedback, do reconhecimento do ensino de excelência e da capacitação como um processo contínuo ao longo da trajetória profissional. “É quando incentivamos a liderança e o pensamento criativo, quando reconhecemos e recompensamos de maneira efetiva as boas práticas, que damos chance aos professores de se tornarem mentores. Ensinar não é feito em isolamento, é preciso ter retorno, compartilhar ideias e processos para se construir o profissionalismo nesse setor.”
Além disso, o diretor-executivo acredita que são modelos desse tipo, que incentivam a formação de professores com o apoio de recursos tecnológicos, que podem contribuir para a diminuição dos gaps de acesso à educação de qualidade. “Temos que encontrar soluções para que o sistema de ensino faça chegar ótimos professores a qualquer aluno, independentemente de fatores como origem e situação financeira”, finaliza.