Existem “danos irreversíveis” da desnutrição nos países em desenvolvimento, sobretudo os africanos, que colocam em risco a saúde das crianças e causam milhares de mortes anualmente, afirma o estudo. Além disso, a má alimentação na infância prejudica a formação educacional e profissional dos jovens – que, uma vez adultos, não conseguem boas colocações profissionais.
A pesquisa foi realizada com mais de 7300 crianças, na Etiópia, na Índia, no Vietnã e no Peru, revelando que as crianças subnutridas tinham mais dificuldade que as outras para aprender a ler e escrever. Aos oito anos de idade, 19% exibiam dificuldade para ler frases simples como, por exemplo, “o sol está quente”. Além disso, 12,5% revelavam maior tendência para o erro na escrita.
“Nos países em desenvolvimento, a subnutrição é um dos factores que explica a crise de iliteracia”, alertou a diretora executiva da Save the Children International, Jasmine Whitbread, na apresentação do relatório.
“São milhões de crianças, um quarto da população infantil, que têm o seu desenvolvimento cognitivo e educativo em risco”, analisa, apresentando também que as crianças subnutridas ganham vencimentos em média 20% menores quando chegam à idade adulta.
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Imagem de mãe e filhos em Guiné-Bissau: continente africano é o que mais sofre com a desnutrição infantil
Jasmine Whitbread afirma que a conclusão do relatório confirma um dos piores receios do Save Children. “A desnutrição prejudica irreversivelmente as hipóteses de futuro de uma criança mesmo antes de ela pôr os pés em uma sala de aula. É verdade que foram feitos enormes progressos no combate à mortalidade infantil, mas o fato é que 25% das crianças do mundo continuam a ter a sua vida escolar comprometida”, afirma.
O estudo revela que 25% das crianças do mundo sofrem de atrofia muscular, o que prejudica a formação corpórea na infância e também acarreta em “graves consequências enquanto adulto”.
Embora os números continuem alarmantes, a comunidade internacional, como um todo, apresenta progressos no combate à mortalidade infantil. Entre 1990 e 2011, o número de crianças que morreram antes dos cinco anos despencou quase pela metade – de 12 milhões para 6,9 milhões.