Carta Capital – por Gisele Pereira — publicado 04/10/2017
Decisão do STF sobre ensino religioso mostra que a toga não deixou de ser batina
O recém e equivocado parecer da primeira turma da Suprema Corte a respeito do Ensino Religioso confessional nas escolas públicas traz à tona um importante debate há tempos relegado a um território arenoso. Setores conservadores vêm ocupando esse território e movendo-se nele com destreza e naturalidade, enquanto progressistas desconfortáveis diante de sua instabilidade evitamos adentrar em seu núcleo, circundando não mais que suas margens.
Os votos dos ministros favoráveis ao Ensino Religioso confessional não poderiam expressar com melhor precisão o que está impregnado no mais raso senso comum: uma total incompreensão a respeito do que venha a ser um Estado laico, do campo religioso brasileiro e menos ainda do lugar que ocupa a religião e os limites de sua interferência no ordenamento público regido por leis democráticas.