Edilson Adão, autor de Geografia e Ciências Humanas, lê trecho do livro O Avesso da Pele, de Jeferson Tenório:
Sei que ninguém quer morrer da maneira como você morreu. Um fuzilamento. Sem chances de defesa. Você não teve a mesma chance de Dostoiévski, não é mesmo? Não houve nenhum salvo-conduto. Nada. Nenhum czar para te salvar. Mas sei que durante a vida você passou por essas tentativas de fuzilamento. A sua grande obra foi continuar levantando, dia após dia. Apesar de tudo, você continuou desafiando a possibilidade de morrer. No sul do país, um corpo negro será sempre um corpo em risco. A sua obra foram seus alunos, mesmo aqueles que nem se lembram de você. Sua obra foram as suas aulas tristes. Suas aulas sérias, suas aulas apaixonadas.
A Abrale se soma às múltiplas vozes que reconhecem o valor literário e social do livro O avesso da pele, de Jeferson Tenório. E reitera a pertinência de sua aprovação no PNLD 2021 de Obras Literárias para o Ensino Médio, pela banca avaliadora composta por mestres e doutores em Linguística, Literatura, Letras, Educação.
Os ataques que desqualificam este livro resultam de leituras incompletas, superficiais, distorcidas de seu conteúdo. Retirá-lo das escolas de Ensino Médio implica privar os e as estudantes do acesso a uma leitura que instiga o pensamento crítico-reflexivo sobre uma questão central a ser combatida pela sociedade brasileira: o racismo estrutural.
Resenha do livro: Depois da morte do pai, um professor negro assassinado em uma abordagem policial desastrosa, Pedro resgata suas raízes familiares e seu lugar no mundo. Com uma narrativa corajosa, sensível e por vezes brutal, este livro premiado aborda temas incômodos presentes em nossa sociedade: o racismo estrutural, as lacunas no sistema educacional e a violência policial.