Fonte: Blog Educação em Evidência – O Globo – 27 de maio de 2014
“É preciso começar a andar por outros caminhos, encontrar as fórmulas brasileiras de fazer uma Educação adequada para o século 21”, afirma Priscila Cruz
A estrutura atual das escolas é do século 19, o currículo do século 20, e os alunos, do século 21. Alguma dúvida de que já passou a hora de mudarmos a nossa escola?
Vamos por partes, começando pelo final da pergunta. Sim, nossa escola. Melhorar a Educação é tarefa de todos nós, de toda a sociedade. O artigo 205 da Constituição Federal diz que a Educação é direito de todos e dever do Estado e da família, com a colaboração da sociedade. Então, mesmo que você não seja da área, esse assunto também é seu, pois diz respeito à sociedade que estamos construindo.
E sobre mudar a escola? Todos nós passamos por ela, e por vários anos. Então temos referências muito fortes a respeito do que ela é: aulas com tempo de duração fixo; professores cuja função é ensinar; alunos que não aprendem do jeito como foram ensinados repetem o ano, e assim por diante. Como a escola “deu certo” para a maioria de nós – ou assim acreditamos –, o modelo se mantém sem muito espaço para inovações.
No entanto, neste momento a mudança é imperativa. A tecnologia avança aceleradamente, os interesses dos alunos são outros, a sociedade é mais complexa, e a economia, mais interdependente. Nos últimos anos, a humanidade produziu muitos conhecimentos que têm pouco espaço no currículo atual. E, por fim, o mercado de trabalho exige novas competências.
Além desses fatores externos, a mudança se faz necessária também pelo fato de o atual sistema não conseguir garantir efetivamente o aprendizado para a maioria de nossos alunos. No Brasil, apenas metade das crianças são plenamente alfabetizadas até os 8 anos de idade, e só 10% dos jovens que concluem o ensino médio aprendem o mínimo adequado em matemática. Além disso, nem todos os que entram na escola chegam a concluir a Educação Básica, essencialmente porque não conseguiram avançar nos estudos e acabam por desistir.
Algo está muito errado, e é preciso mudar. O diagnóstico está aí. É impossível não perceber que esse não é o caminho.
Não acredito que agora devamos ir para o outro extremo, quebrar todos os muros e inverter totalmente os papéis. Mas é preciso começar a andar por outros caminhos, encontrar as fórmulas brasileiras de fazer uma educação adequada para o século 21. Há experiências e estudos por aqui e pelo mundo que podem nos ajudar nessa busca.