28/03/2014 – POR ESTADÃO CONTEÚDO
O Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, ouviu fontes com conhecimento das conversas entre as empresas, as quais relatam que a Kroton vem pressionando por uma revisão na relação de troca de ações acordada em abril de 2013, quando a fusão foi anunciada. Já a Anhanguera não aceita e pede que sejam mantidas as condições do contrato inicial. Pelo acordo do ano passado, a nova companhia formada após a fusão seria detida 57,5% por acionistas da Kroton e 42,5% por acionistas da Anhanguera. Se vencer a disputa, a Kroton vai acabar levando uma fatia maior da nova empresa, o que incomoda acionistas da Anhanguera.
O desentendimento entre as empresas foi evidenciado quando a Kroton chegou a propor uma elevação de dividendos extraordinária em 2013 (de 25% para 100% do lucro), o que seria uma forma de agradar acionistas descontentes. A distribuição além do previsto no acordo não teve o aval da Anhanguera.
Desvalorização
O plano de fundo para a disputa é a desvalorização que as ações da Anhanguera passaram a sofrer após o acordo de fusão. Uma explicação para a queda no preço dos papéis é o fato de que a Anhanguera teve resultados abaixo do esperado no ano. Apesar disso, integrantes da companhia reclamaram a interlocutores que as ações foram alvo de especulação excessiva desde que iniciaram os rumores de problemas na fusão, diz uma fonte. Investidores relatam que os executivos da Anhanguera passaram até mesmo a visitá-los com mais frequência e reforçar a comunicação com o mercado.
Tanto Kroton como Anhanguera são empresas de capital pulverizado e têm quase a totalidade de suas ações detidas por dezenas de fundos diferentes. A fusão precisa ser aprovada por Assembleia Geral Extraordinária nas duas empresas. Se o acordo final parecer desvantajoso para qualquer das partes, a fusão não sai. Procuradas, Kroton e Anhanguera, não comentaram as informações da reportagem. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.