Folha de S.Paulo – 11/12/14
Foco maior em leitura é outra medida citada
A melhoria do ensino depende de ações tanto dos governantes quanto das próprias escolas, afirmam pesquisadores sobre os resultados da Prova Brasil.
Coordenador da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara diz que diretores de colégios e professores devem dar atenção aos estudantes com mais dificuldades.
“A tradição brasileira é abandoná-los, culminado com a reprovação. Deveria ser o contrário. Eles que deveriam receber a maior atenção da escola, com boa recuperação”, disse.
“Paralelamente, defendemos aumento do investimento para educação e mudanças estruturais. Mas a escola tem uma margem para melhoria imediata.”
A coordenadora da ONG Todos pela Educação, Alejandra Meraz Velasco, afirma que o país precisa estabelecer um currículo nacional, “suficientemente específico, que defina o que o aluno deve saber por série”.
Atualmente, a legislação nacional não chega a esse detalhamento, há apenas diretrizes. Uma mudança está em discussão no Conselho Nacional de Educação e no Ministério da Educação.
“Hoje é o Maranhão, com quase 50% dos alunos no patamar baixo, quem define o que seus estudantes devem aprender”, diz Velasco.
Vice-presidente do Consed (entidade que reúne secretários estaduais de Educação), Eduardo Deschamps também cita a adoção de currículo como uma solução, além de aperfeiçoamento da formação dos professores e da gestão das redes de ensino.
“Sem mudanças estruturais, acho difícil garantir um salto significativo num curto espaço de tempo”, afirma.
Pesquisador da Faculdade de Educação da USP, Ocimar Alavarse afirma que os professores de todas as matérias da escola deveriam se preocupar com o nível de leitura dos estudantes.
“Isso está restrito ao professor de português hoje. Mas, se o aluno não entende o enunciado, não consegue resolver o problema de matemática”, afirmou.