Fonte: Correio Popular (SP) – 31 de julho de 2015
13% dos professores campineiros que trabalham na Educação Básica não possuem formação escolar adequada, aponta estudo
Nada menos que 13% dos professores campineiros que trabalham na educação básica não possuem formação escolar adequadas. São docentes sem nível superior ou formados em áreas que não são aquelas nas quais atuam. E, apesar do Ensino Fundamental garantir vagas praticamente à totalidade dos estudantes, nota-se que a frequência cai significativamente durante o Ensino Médio.
Mais de 3 mil jovens entre 15 e 17 anos abandonaram a escola antes de concluir a etapa e mais da metade dos adolescentes matriculados não se encontram em níveis de ensino adequados às suas faixas etárias. Os números contemplam as redes pública e privada de ensino.
Os dados foram revelados na quinta-feira (30), durante a apresentação de um panorama social, econômico e educacional elaborado por pesquisadores do Compromisso Campinas pela Educação (CCE), iniciativa lançada em 2007 e que reúne lideranças da sociedade civil no debate da qualificação da escola.
Com base em dados fornecidos pelos organismos governamentais e instituições privadas, o grupo procura mostra avanços e retrocessos no setor.
Ontem, no evento que reuniu educadores e lideranças políticas no auditório da Fundação das Entidades Assistenciais de Campinas (Feac), os convidados foram apresentados aos números que desafiam o setor.
Os dados foram coletados por Stella Silva Telles, pesquisadora no Núcleo de Estudos de Políticas Públicas da Unicamp (Nepp) e apresentados pela professora Maria Inês Fini, consultora do CCE e uma das fundadoras da Faculdade de Educação da Unicamp. Entre 1996 e 2002, ela foi diretora de avaliação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), do Ministério da Educação.
Para Maria Inês, o estudo mostra claramente que o aprimoramento da educação passa necessariamente pela valorização do professor e pela capacitação da escola como instrumento de efetivo para o desenvolvimento de habilidades socioeconômicas e para a ampliação do repertório cultural do adolescente.
Os governantes, afirma, precisam investir muito mais na qualificação dos educadores, e a sociedade precisa explorar a escola como a ferramenta imprescindível para a transformação da sociedade.
O documento produzido no âmbito do Observatório da Educação contribui para facilitar o monitoramento e o acompanhamento do Plano Municipal de Educação (PME) que, sancionado em junho, se torna via para a ação de instâncias fiscalizadoras.
Sem novidades
Alguns dados apresentados, efetivamente, são muito conhecidos do governo municipal e da própria opinião pública.
Uma das informações tabuladas diz respeito, por exemplo, à necessidade de se investir na oferta de creches, já que cerca de 7 mil crianças ainda esperam vagas na cidade. E o estudo comprova que a região com demanda a maior é justamente à dos bairros das regiões Sudoeste e Noroeste da cidade, sabidamente as mais carentes e com os maiores índices de explosão demográfica.
Metas
O evento no auditório da Feac também serviu para a apresentação do relatório De Olho nas Metas 2013-1014, com números nacionais contabilizados pelo movimento Todos pela Educação, criado pela sociedade civil em 2006. E, ao microfone, Maria Lúcia Meireles Reis, diretora do organismo, deu outros números preocupantes do setor.
Em 2013, disse, apenas 9,3% dos alunos do 3° ano do Ensino Médio aprenderam o considerado adequado em matemática, de acordo com as metas traçadas. No Português, o índice alcançado também foi decepcionante: 27,1%. As metas intermediárias definidas eram de 28,3% e 39%, respectivamente.
“Quando o movimento nasceu, a gente tinha o objetivo de que em 2022, Bicentenário da Independência, todo estudante brasileiro tenha aprendizado adequado ao seu ano. Já se passaram oito anos desde o lançamento da proposta, e ainda estamos longe de alcançar a meta”, informa a diretora.