Do G1, em São Paulo – 24/03/2014
Uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira (24) pelo Instituto Data Popular, em parceria com o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), aponta que 46% dos alunos da rede estadual paulista dizem ter passado de ano sem aprender a matéria, e somente um em cada três consideram a escola boa ou ótima. Para 70% dos estudantes ouvidos, o colégio onde estudam é violenta.
A pesquisa “Qualidade da Educação nas escolas estaduais de São Paulo” ouviu 700 professores, 700 pais e 700 alunos da rede estadual de São Paulo. De acordo com o estudo, metade dos pais e 30% dos alunos avaliam a escola como ótima ou boa. O conceito “regular” aparece para 36% dos pais e 42% dos alunos. Já 14% dos pais e 25% dos alunos acha a escola ruim ou péssima.
Sobre a aprovação automática feita pela progressão continuada, quase metade dos alunos ouvidos disseram tem passado de ano sem aprender o conteúdo, e 75% dos estudantes e 94% dos pais afirmaram serem contra o sistema no qual mesmo com notas insuficientes os estudantes não são reprovados no final do ano letivo.
Em nota, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo disse que “sobre a progressão continuada, é equivocado dizer que há ausência de reprovação na rede estadual de ensino. O modelo foi aperfeiçoado no final do ano e as possibilidades de retenção foram ampliadas, permitindo que eventuais defasagens de conhecimento sejam corrigidas mais prematuramente. Além disso, a Secretaria entende que o foco não deva ser a reprovação, mas o acompanhamento e avaliação permanentes para melhor aprendizagem. Todos os 4 milhões de alunos são constantemente avaliados, recebem boletins escolares bimestralmente e podem optar por três diferentes modalidades de recuperação”.
Os alunos disseram faltar cinco vezes por mês. Os pais afirmaram que participam da vida escolar do filho, mas apenas um em cada quatro pai ou mãe já foi a a alguma reunião do conselho escolar do filho.
Violência
Segundo a pesquisa, 44% dos professores e 28% dos alunos da rede estadual paulista já sofreram algum tipo de violência em suas escolas. Metade dos alunos dizem já terem presenciado casos de discriminação de raça, origem migratória e orientação sexual na escola. Segundo a pesquisa, pais e professores consideram a falta de segurança o maior problema do lugar onde as crianças estudam.
Os professores apontaram que paraoferecer mais qualidade na educação é preciso investir em infraestrutura (22%), valorizar os professores (20%) e aprimorar o relacionamento com os pais (18%). Para os pais, é preciso ter atividades extracurriculares (39%), qualificação dos professores (17%) e mais tecnologia (15%). Para os alunos, é necessário investir em atividades extracurriculares (29%), mudança no método de ensino e formato das aulas (21%) e mais tecnologia (15%).
Em nota, a Secretaria afirma que “o enfrentamento à violência deve ocorrer em diversas frentes, que englobam polícia, comunidade escolar e família, por isso atua em alinhamento e parceria permanente com as instituições e com todas as 5 mil unidades escolares. A Pasta conta com 2.688 professores especializados em prevenir conflitos e capacitados para criar ações preventivas nas escolas estaduais e ainda aproximar a comunidade das unidades de ensino em campanhas contra racismo e outras formas de discriminação, como bullying”.
Entre as soluções sugeridas, a pesquisa aponta maior investimento em infraestrutura e qualificação dos professores, e uma participação maior dos pais. Sobre a infraestrutura da rede estadual, a Secretaria afirma que “somente em 2013, São Paulo finalizou 30 obras de novas escolas e 263 salas, com investimento de R$ 87 milhões, que resultaram na ampliação de mais de 270 salas de aula em todo Estado e na criação de mais de 27 mil vagas. Em reformas de manutenção, ampliações e melhorias foram investidos R$ 900 milhões. Este ano, o Estado conta com 394 obras de novas escolas em andamento, que vão gerar 130 mil vagas aproximadamente. Atualmente, há ainda 1.422 obras, como reformas, ampliações, coberturas de quadras e melhorias”.