Fonte: Jornal Bem Paraná (PR) – 18 de agosto de 2015
Programa didático “Instrução pelos colegas” transforma alunos em agentes ativos de aprendizagem
É comum imaginar que aulas com números e cálculos, como as de física por exemplo, são monótonas e difíceis, certo? Não nas aulas de física do Professor José Motta. Os Alunos do Ensino médio do 2º e 3º ano do Colé- gio Positivo aprendem com uma metodologia diferente adotada por ele: a peer instruction, ou instrução pelos colegas, em inglês.
Desenvolvido na Universidade de Harvard pelo Professor Erik Mazur, na década de 1990, o método peer instruction reorganiza a sala de aula, tornando o Aluno a peça central de aprendizagem e não mais o Professor. “Mais do que repassar conceitos, meu papel em sala de aula é questionar e direcionar os Alunos. Dessa forma eles buscam a informa- ção e transformam os dados em conhecimento de forma ativa”, analisa o Professor Motta. Ou seja, em outras palavras, ao invés de apenas decorar a matéria, passa-se a aprender ativamente. E como funciona esse mé- todo na prática?
Com uma pergunta no quadro-negro e um clicker (aparelho eletrônico semelhante a um controle remoto) na mão, os Alunos reú- nem-se em duplas para resolver e responder o problema apresentado. Ao encontrar a solução, eles digitam a resposta no aparelho que envia a informação para o Professor. Dessa forma, quando todos os Alunos mandam suas respostas, o Professor consegue, em tempo real, analisar o índice de acertos da turma. “Se a taxa de acerto ficar em no mínimo 70%, é preciso fazer uma breve explicação da questão e seguir para a próxima questão.
Se o índice ficar entre 70% e 30%, a turma deve formar grupos para discutir a solução correta do exercício” explica Erik Mazur. Se o índice de acertos ficar abaixo de 30%, o conteúdo é retomado pelo Professor até que as dúvidas sejam sanadas. “A meta é sempre alcançar 100% de acertos para garantir que os Alunos estejam todos no mesmo ní- vel”, analisa Mazur. Pesquisas desenvolvidas pelo criador do método apontaram que o nível de retenção de informação pelos estudantes durante as aulas convencionais é de apenas 20%.
Quando a responsabilidade de achar a solução foi repassada aos Alunos, esse índicesubiu para 60%. A opinião de quem está experimentando a metodologia pela primeira vez é positiva. Para Clara Victória Planinscheck, aluna do segundo ano do Ensino Mé- dio, do Colégio Positivo – Ângelo Sampaio, “ao trabalhar em duplas, a gente passa a ter mais responsabilidade de resolver a questão e acaba realmente aprendendo o conteú- do. Além disso, é muito legal saber que estamos usando algo que foi desenvolvido em uma das melhores universidades do mundo”, comenta a aluna”. Para Guilherme Tonetti Assis, colega de Clara, com o clickers as aulas ficam mais dinâmicas e estimulam a vontade de acertar o exercício. “Mais do que memorizar o conteúdo, a gente aprende de verdade a matéria”, conclui ele